domingo, 18 de outubro de 2009

#034 Futuro

As eleições não são - nunca foram - um fim.
Com as eleições perspectivam-se futuros, desenham-se cenários num tempo que se deseja fértil de bons acontecimentos e sereno no momento da colheita.
É assim em todo o lado: em Abrantes, Sardoal, Mação, Constância, Vila de Rei, Gavião, Ourém, Rio Maior, Santarém, Porto, Lisboa, Faro, em todo o lado.
Quem ganha está sempre de parabéns, por isso, o PS de Abrantes está de parabéns.
Muitos dos que perdem também merecem felicitações e uma palavra de ânimo. Só os que perdem sem honra nem glória, que têm mau perder, que preferem fazer uso de palavras insultuosas no rescaldo ou na ressaca de uma derrota que não desejavam ter, esses, ao contrário dos primeiros, não estão de parabéns. É tempo de lhes apresentarmos sentidas condolências. Sem escárnio, sem ironia, sem gozação.
Não tenho nenhuma vaidade especial em ser comentador da Antena Livre. Ou melhor, tenho honra e orgulho mas não me sinto vaidoso ou pretensioso. E, ao contrário do que alguém possa pensar (pelo menos afirmar, já que pensar é exercício que não se atribui a todos os seres vivos) não estou lá para ajustar contas com ninguém.
Fui convidado. Aceitei. Acho que reúno algumas características, nomeadamente experiência de vida, cultura geral e sentido cívico de serviço à comunidade a que pertenço, motivos que considero terem sido suficientes para ter sido convidado pelo Jerónimo Jorge.
E assim vai ser, procurando ser equilibrado e ter bom senso durante a série de programas do Radiografia que estão previstas. Sei que o programa é ouvido em Abrantes, Covilhã, Leiria, Lisboa, Queluz-Massamá, Cascais, para além da cobertura das ondas hertzianas, fruto das tecnologias web. Tenho recebido ecos dessa realidade.
Não sou apolítico nem sequer apartidário. Por isso, as minhas afirmações não são equidistantes face a todos os assuntos e pontos de vista. Nem isso me foi pedido ou, sequer, sugerido. O que eu digo, nesse programa, é o que eu penso e o que eu penso está condicionado pelo que sou, pelo que sei, pelo que vivi e vivo, pelas experiências, pela orientação política que tenho, por um conjunto de valores que enformam a minha personalidade.
Por isso, estive uma semana sem aqui apresentar felicitações a quem venceu e uma palavra de conforto a quem não o fez e a merece.
Para os que perderam as eleições, resta o balanço, por vezes feito no silêncio e no recato que se deve conceder. E, em seguida, o balanço e as contas prestadas a quem os propôs e defendeu.
Não sou apologista de que todos os derrotados devam assumir lugares autárquicos. Como também não o sou aquando de eleições legislativas. Só que, invariavelmente, quando se perde tiram-se ilacções e, tantas vezes, há alterações nas estruturas políticas dirigentes, de modo a melhor se prepararem os actos eleitorais futuros.
Se alguém concorreu para ser nº1, qualquer lugar abaixo disso pode não lhe interessar. Eu perdi por duas vezes e fiz 2 mandatos praticamente completos. Apenas não terminei este por motivos de elevado volume de trabalho, que me exige muita dedicação, muito esforço, muitas horas de preparação e de trabalho. Mas, mesmo assim, no Verão que terminou, ainda regressei ao órgão executivo municipal.
Aceito, pois, que quem não venceu possa desejar não ficar 4 anos a fazer oposição. É claro que assumir isso, sendo legítimo e até aceitável, não significs que não haja custos políticos para quem o faz e para o grupo que representa. Desde logo, de orfandade. Mas, também, porque os apoiantes e os votantes gostariam de ver essa(s) pessoa(s) cumprir o mandato que lhe foi atribuído.
Outros há, contudo, que nem sequer têm essa oportunidade, pois não possuem lastro político de apoio que lhes permita ter representação e/ou crédito na comunidade que lhes permita serem eleitos. Alguns desses aceitam o veredicto e a vida continua. Outros, não aceitam o destino que a democracia lhes reservou e decidem agir com má fé, dolo, proferindo insultos, ofensas, calúnias, numa campanha negra que - admito - lhes faz bem ao ego porque despejam a sua raiva e todo o rol de frustrações em cima dos outros.
Como se vê, todas as estratégias são possíveis. Mas o futuro, esse momento que sabemos que vai surgir embora ainda não saibamos de que modo se vai vestir, é pródigo em permitir acertar contas com o passado e com a história.
Por mim, por agora, fico apenas a assistir. No futuro, logo se vê.
O futuro não está escrito nem pré-determinado. Somos nós que o construímos, ou que o destruímos - depende da perspectiva.

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