Voltamos a estar confinados por causa da Covid-19.
Um ano já passou e, sem darmos bem conta disso, mudamos. Somos hoje diferentes e não sei algum dia voltaremos exatamente ao que fomos até finais de 2019. Podemos ter saudades de beijos e abraços, sorrisos e cansaços, folia e até amassos, e isso não deixaremos de querer ter, de querer perseguir e possuir, de sonhar, desejar mais e melhores afetos, recuperar viagens não realizadas, experiências adiadas, vidas suspensas e palavras não ditas com a candura de quem as tem guardadas para melhor ocasião.
O que mudou foi a forma como hoje olhamos para a vida, para a alteração de comportamentos sociais, de padrões de comportamento e até na relação com o mundo profissional.
Esta existência engaiolada, esta forma de estarmos aprisionados e de voluntariamente a isso nos submetermos só é possível porque existe medo, respeito, desconhecimento, desconfiança e até uma certa impotência.
Poderíamos aproveitar para ler mais, ouvir boa música, escrever, ver filmes, estudar e amar mais as pessoas que nos rodeiam. E há quem o faça. Felizmente, existe essa lucidez e essa assertividade em jeito de auto-defesa.
Este escrito de hoje está uma treta, fraco, sem garra, sem profundidade, com pouco sal e suor, sensaborão, redondo. É o resultado da letargia que me invade e da tristeza em que me econtro, enquanto vou adiando decisões pessoais que, a serem tomadas, serão de rotura e novo impulso, novo espaço de desconforto até (re)encontrar o conforto que vem das banalização e das novas rotinas que nos aquietam e nos conferem acolhimento.