quinta-feira, 29 de outubro de 2009

#035 Preso de mim

Procuro as palavras certas que me libertem a consciência, prisioneira que está dos dogmas que a vida me foi inculcando.
Oiço o silêncio deste quarto onde me encalusuro em busca do que não posso encontrar.
A televisão mostra-me o óbvio e vulgar, por vezes mesmo aquilo que não quero ver.
Será que alguém me consegue ouvir?
Será que alguém me ouve a rir?
Algo me prende. Algo me segura.
Vou dormir, pois o cansaço é mais que muito.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

#035 Tranquilidade

Escrevo hoje sem nexo de causalidade. Escrevo apenas palavras soltas ao vento, que traduzem um estado de alma quase anestésico, embriagado que estou com a chegada de rompante deste Outono quente.

Em breve – dentro de dias – cumprirei mais um aniversário, que agora celebro com a serenidade que a “ternura dos 40” já me permite compreender. Como estou diferente!

A forma de olhar o Mundo, a Vida, a Natureza, as Pessoas, os Factos, os Problemas, as Encruzilhadas, os Dramas, as Causas, são hoje encaradas com mais objectividade e frontalidade. Continuo a tomar decisões, a assumir proposições verdadeiras e falsas, a intuir o terreno que piso. Mas, ao mesmo tempo, penso que aprendi a conhecer-me melhor, a ser mais autêntico, mais frontal, mais humano, mais tolerante e fraterno.

O milagre da transmutação deu-se e sinto não cometer grandes maldades. Não sou crente em nenhum Deus nem em nenhum dogma mas valorizo as coisas simples, como os bichos, as flores, as crianças, os amores, as paixões, os pingos da chuva, os raios de luz da madrugada, os olhares cúmplices de crianças e inocentes, um jogo simples de futebol.

Recordo a entrevista de António Lobo Antunes a Judite de Sousa e a forma poética como em prosa ele se exprimiu. Por exemplo, o milagre do homem alentejano que, com fato velho e sem gravata, se apresentava no IPO para tratamento e, aos olhos do escritor, vestia a mais bela gravata que um homem poderia usar. Aprendi a ver o invisível e recordo frases da minha mocidade como aquela que dizia que “o essencial é invisível aos olhos e só se vê com o coração”.

Para testemunhar este estado de alma, tranquilo, apesar da turbulência do mundo em que vivemos, aqui fica uma música do Youtube que recomendo a quem procura paz e serenidade.



domingo, 18 de outubro de 2009

#034 Futuro

As eleições não são - nunca foram - um fim.
Com as eleições perspectivam-se futuros, desenham-se cenários num tempo que se deseja fértil de bons acontecimentos e sereno no momento da colheita.
É assim em todo o lado: em Abrantes, Sardoal, Mação, Constância, Vila de Rei, Gavião, Ourém, Rio Maior, Santarém, Porto, Lisboa, Faro, em todo o lado.
Quem ganha está sempre de parabéns, por isso, o PS de Abrantes está de parabéns.
Muitos dos que perdem também merecem felicitações e uma palavra de ânimo. Só os que perdem sem honra nem glória, que têm mau perder, que preferem fazer uso de palavras insultuosas no rescaldo ou na ressaca de uma derrota que não desejavam ter, esses, ao contrário dos primeiros, não estão de parabéns. É tempo de lhes apresentarmos sentidas condolências. Sem escárnio, sem ironia, sem gozação.
Não tenho nenhuma vaidade especial em ser comentador da Antena Livre. Ou melhor, tenho honra e orgulho mas não me sinto vaidoso ou pretensioso. E, ao contrário do que alguém possa pensar (pelo menos afirmar, já que pensar é exercício que não se atribui a todos os seres vivos) não estou lá para ajustar contas com ninguém.
Fui convidado. Aceitei. Acho que reúno algumas características, nomeadamente experiência de vida, cultura geral e sentido cívico de serviço à comunidade a que pertenço, motivos que considero terem sido suficientes para ter sido convidado pelo Jerónimo Jorge.
E assim vai ser, procurando ser equilibrado e ter bom senso durante a série de programas do Radiografia que estão previstas. Sei que o programa é ouvido em Abrantes, Covilhã, Leiria, Lisboa, Queluz-Massamá, Cascais, para além da cobertura das ondas hertzianas, fruto das tecnologias web. Tenho recebido ecos dessa realidade.
Não sou apolítico nem sequer apartidário. Por isso, as minhas afirmações não são equidistantes face a todos os assuntos e pontos de vista. Nem isso me foi pedido ou, sequer, sugerido. O que eu digo, nesse programa, é o que eu penso e o que eu penso está condicionado pelo que sou, pelo que sei, pelo que vivi e vivo, pelas experiências, pela orientação política que tenho, por um conjunto de valores que enformam a minha personalidade.
Por isso, estive uma semana sem aqui apresentar felicitações a quem venceu e uma palavra de conforto a quem não o fez e a merece.
Para os que perderam as eleições, resta o balanço, por vezes feito no silêncio e no recato que se deve conceder. E, em seguida, o balanço e as contas prestadas a quem os propôs e defendeu.
Não sou apologista de que todos os derrotados devam assumir lugares autárquicos. Como também não o sou aquando de eleições legislativas. Só que, invariavelmente, quando se perde tiram-se ilacções e, tantas vezes, há alterações nas estruturas políticas dirigentes, de modo a melhor se prepararem os actos eleitorais futuros.
Se alguém concorreu para ser nº1, qualquer lugar abaixo disso pode não lhe interessar. Eu perdi por duas vezes e fiz 2 mandatos praticamente completos. Apenas não terminei este por motivos de elevado volume de trabalho, que me exige muita dedicação, muito esforço, muitas horas de preparação e de trabalho. Mas, mesmo assim, no Verão que terminou, ainda regressei ao órgão executivo municipal.
Aceito, pois, que quem não venceu possa desejar não ficar 4 anos a fazer oposição. É claro que assumir isso, sendo legítimo e até aceitável, não significs que não haja custos políticos para quem o faz e para o grupo que representa. Desde logo, de orfandade. Mas, também, porque os apoiantes e os votantes gostariam de ver essa(s) pessoa(s) cumprir o mandato que lhe foi atribuído.
Outros há, contudo, que nem sequer têm essa oportunidade, pois não possuem lastro político de apoio que lhes permita ter representação e/ou crédito na comunidade que lhes permita serem eleitos. Alguns desses aceitam o veredicto e a vida continua. Outros, não aceitam o destino que a democracia lhes reservou e decidem agir com má fé, dolo, proferindo insultos, ofensas, calúnias, numa campanha negra que - admito - lhes faz bem ao ego porque despejam a sua raiva e todo o rol de frustrações em cima dos outros.
Como se vê, todas as estratégias são possíveis. Mas o futuro, esse momento que sabemos que vai surgir embora ainda não saibamos de que modo se vai vestir, é pródigo em permitir acertar contas com o passado e com a história.
Por mim, por agora, fico apenas a assistir. No futuro, logo se vê.
O futuro não está escrito nem pré-determinado. Somos nós que o construímos, ou que o destruímos - depende da perspectiva.

sábado, 10 de outubro de 2009

#033 Reflexão

O debate passou, foi engraçado. A campanha continuou, animada.
Hoje é dia de reflexão. Amanhã é dia de decisão. Para nos ajudar a passar o dia teremos o jogo de futebol com a selecção nacional e confrontar-se com a Hungria.
Vou tentar aproveitar para descansar e ler. Olho para a minha mesa de cabeceira e até me assusto com a quantidade de livros que comecei a ler e sinto que devo abreviar as leituras, para que as mesmas não se transformem num pesadelo.
O que tenho eu aqui ao lado?
- A Geografia da Felicidade, de Eric Weiner;
- O Processo, de Franz Kafka;
- Quando Nietzsche chorou, de Irvin D. Yalom;
- Os Cinco Desafios de uma Equipa, de Patrick Lencioni;
- O Livreiro de Cabul, de Asne Seierstad;
- O Livro da Ignorância Geral, de John Lloyd e John Mitchinson;
- Cultura, de Dietrich Schwanitz;
- Breve História do Saber, de Charles Van Doren.
Falta-me aqui, agora reparo, o Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Anda por aí algures. Este e o Livreiro de Cabul são os que estão mais perto do final.
Mas, ao mesmo tempo, tenho sono e apetece-me dormir e quase nada fazer. E esperar, porque ainda estou a reflectir para o dia de amanhã.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

#032 Debate na Antena Livre hoje mesmo e reflexão sobre eleições autárquicas

Hoje é dia do grande debate Antena Livre com os candidatos.
Ouvi parte do debate de Domingo, na Rádio Tágide.
Belo esforço de Mário Rui Fonseca e da Patrícia Seixas. Foi pena a qualidade do som ser muito má.
Não gostei do debate, por culpa dos candidatos. Muito monocórdicos, excessivamente respeitadores dos tempos, com poucas interrupções de palavra e pouco contraditório nas ideias. Houve contraditório, sim, em questões menores, mais pessoalizadas, de ataques políticos de postura pessoal, como foi o caso de Maria do Céu Albuquerque com Albano Santos e ia sendo entre este e Santana Maia Leonardo.
Era bom que houvesse um debate para os candidatos à Junta de Freguesia de São Vicente.
Tenho muita simpatia pelo Luís Nuno Albú Dias. Sempre gostei da sua forma de ser. Acho que poderá dar um excelente autarca e é uma marca de inovação e renovação em muitas formas de fazer e pensar e agir em prol da comunidade.
Gostava que as pessoas o pudessem conhecer ainda mais e melhor, porque as pessoas são tradicionalmente conservadoras e raramente tiram o poder a quem o exerce, a menos que o exerça muito mal.
Em São João, veremos o que pode dar a disputa de Fernando Soares e Alfredo Santos, representando indepedentes e socialistas, comendo no mesmo espaço eleitoral. Veremos se chega para que Manuel Nogueira, pelo PSD, possa colher os réditos que ambiciona.
Alferrarede será outra incógnita. A minha amiga Regina Martins foi preterida pelo PSD e vai pelos independentes. Pedro Moreira recandidata-se. Adelino Venâncio também, sem a força de outrora. Serão suficiente para Dora ver chegar a sua vez?
Prevejo outra luta interessante em São Miguel do Rio Torto, onde os independentes se apresentam com gente que vem sobretudo da actual linha do PS. O PS, por sua vez, muda de candidato. Gosto da Raquel Almeida, do PSD. Simples, simpática, dinâmica.
Por fim, nas lutas mais difíceis que antevejo para já, São Facundo. Acho que o candidato independente, António Campos, que sempre foi pretendido por todos os partidos, desde há vários anos, vai ver chegar a sua hora. O PS também muda, ao que julgo saber, de candidato. Julgo ser aqui a freguesia onde os independentes terão a sua melhor expressão eleitoral no concelho.
Voltemos ao debate de hoje, uma vez que o que atrás ficou escrito são apenas sensações.
Espero que o Jerónimo Jorge consiga tornar dinâmico, fluído e esclarecedor o debate que será o último. Vamos poder vê-lo depois na TVRibatejo, em diferido ou, no mínimo, no site do Ribatejo?

NOTA: O que dirá hoje Nelson de Carvalho na sua Conferência de Imprensa? Não creio que vá influenciar nada das eleições ou tentar condicionar nada. Será apenas - julgo - uma despedida na semana em que decorrerão as eleições.