domingo, 29 de novembro de 2009

#041 Portugal pode falir? Pode, claro, como qualquer outro país...

Martin Avillez Figueiredo é um jornalista atento aos factos do Mundo e aprecio a forma como ele consegue ligar os acontecimentos à realidade portuguesa.
Não é que ele tenha descoberto a pólvora mas este artigo dele sobre o Dubai e as possibilidades de falência daquele pequeno Estado, tal como poderá suceder em Portugal, é uma realidade a não negligenciar.
Há muito que digo que Portugal é um país condenado e inviável, tal como está. Ou o petróleo e descoberto enquanto a 'economia do petróleo' ainda impera ou estamos prestes a entregar-nos a quem nos queira tomar. O problema - um grande problema - é que não acredito que exista quem nos queira pegar assim, tal como somos e estamos.
Vêm aí tempos ainda mais difíceis.

Contratempo dá prémio a alunos da ESTA

Parabéns à ESTA e aos alunos que conseguiram vencer o Concurso Canon do Estorial Film Festival 2009. Ao Pedro Cruz, ao Alexandre Carrança, à Ana Filipa Silvestre, ao João Almeida, ao Rafael Coelho, à Sara Bastos, à Soraia Arruda, ao Telmo Domingues, ao Vítor Rosário e à Carolina Balby, todos eles desconhecidos no 'meu mundo', muitos parabéns e votos de que prossigam com o seu ciclo de trabalhos com elevada qualidade.
Obrigado ao André Lopes por me ter dado a conhecer este bonito e sensível trabalho.
Como abrantino, fico orgulhoso.

#040 Pedrada no Charco


Com a sua habitual lucidez e notável capacidade de 'ler' o mundo que nos rodeia, António Barreto discorre, na edição de fim de semana do jornal "i", uma brilhante leitura do estado actual de Portugal.
Recomendo uma leitura na íntegra.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

#039 Leituras

O PROBLEMA DO FRANGO ATRAVESSAR A RUA,
SEGUNDO A OPINIÃO DE ILUSTRES PENSADORES DO PASSADO E DO PRESENTE

O frango atravessou a rua. Porquê?

Professora Primária
"Porque o frango queria chegar ao outro lado da rua."

Criança
"Porque sim."

Platão
"Porque queria alcançar o Bem."

Aristóteles
"Porque é da natureza do frango atravessar a rua."

Descartes
"O frango pensou antes de atravessar a rua, logo, existe."

Rousseau
"O frango por natureza é bom; a sociedade é que o corrompe e o leva
atravessar a rua."

Freud
"A preocupação com o facto de o frango ter atravessado a rua é um
sintoma de insegurança sexual."

Darwin
"Ao longo dos tempos, os frangos vêm sendo seleccionados de forma
natural, de modo que, actualmente, a sua evolução genética fê-los
dotados da capacidade de cruzar a rua."

Einstein
"Se o frango atravessou a rua ou se a rua se moveu em direcção ao
frango, depende do ponto de vista... Tudo é relativo."

Martin Luther King
"Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos livres podem
cruzar a rua sem que sejam questionados os seus motivos. O frango
sonhou."

George W. Bush
"Sabemos que o frango atravessou a rua para poder dispor do seu
arsenal de armas de destruição maciça. Por isso tivemos de eliminar o
frango."

Cavaco Silva
"Porque é que atravessou a rua, não é importante. O que o país precisa
de saber é que, comigo, o frango vai dispor de uma conjuntura
favorável. Não colocarei entraves para o frango atravessar a rua."

José Sócrates
"O meu governo foi o que construiu mais passadeiras para frangos.
Quando for reeleito, vou construir galinheiros de cada lado da rua
para os frangos não terem de a atravessar. Cada frango terá um
documento único de identificaçãoo e será avaliado e tributado de
acordo com a sua falta de capacidade para atravessar a rua."

Mário Soares
"Já disse ao frango para desistir de atravessar a rua! Eu é que vou
atravessar! Não vou desistir porque sei que os portugueses querem que
eu atravesse outra vez a rua!!!"

Manuel Alegre
"O frango é livre, é lindo, uma coisa assim... com penas! Ele
atravessou, atravessa e atravessará a rua, porque o vento cala a
desgraça, o vento nada lhe diz!"

Jerónimo de Sousa
"A culpa é das elites dominantes, imperialistas e burguesas que
pretendem dominar os frangos, usurpar os seus direitos e aniquilar a
sua capacidade de atravessar a rua, na conquista de um mundo
socialista melhor e mais justo!"

Francisco Louçã
"Porque é preciso dizer olhos nos olhos que só por uma questão racista
o frango necessita de atravessar a rua para o outro lado. É uma
mesquinhice obrigar o frango a atravessar a rua!"

Valentim Loureiro
"Desafio alguém a provar que o frango atravessou a rua. É
mentira...!!! É tudo mentira!!!"

Paulo Bento
"O frango atravessou a rua com naturalidade... Era isso que esperávamos
e foi isso que aconteceu, com muita naturalidade. O frango ainda é
muito jovem e estas coisas pagam-se caro, com naturalidade!!!"

Zézé Camarinha
"Porque foi ao engate! É um verdadeiro macho, viu uma franga camone do
outro lado da rua e já se sabe, não perdoou!!!"

Lili Caneças
"Porque se queria juntar aos outros mamíferos."

sábado, 7 de novembro de 2009

#038 Declaração de Vontade

Desde sempre tenho dedicado uma parte do meu tempo a pensar, a reflectir, a questionar-me perante os problemas do meu do mundo e, em geral, do Mundo.
Não sou um profundo conhecedor de nada nem especialista em análise social mas faço as minhas leituras. Gosto de ler e procurar interpretar comportamentos, individuais e colectivos e procuro aferir se existe nos mesmo um padrão comum, uma espécie de máximo divisor comum. Fico mesmo orgulhoso quando consigo perceber que um determinado pensamento, uma sensação, uma atitude é assumida por várias pessoas que não se conhecem e cujos mundos não se cruzam. É sinal de que algo concreto está a acontecer na comunidade.
Muitas vezes tenho procurado um novo caminho, um novo rumo, uma nova orientação na minha vida, na viagem que a parte que me é mais intangível tem de percorrer ao longo da existência física do meu corpo.
Procuro a elegância dos pensamentos, a jaquetância da escrita, a lucidez dos textos que produzo. Nem sempre tenho sucesso. Mas considero-me um afortunado por ter sido possível atingir um estadio de evolução que me permite, hoje, gostar do que escrevo, não só pela forma, como pelo conteúdo. Talvez seja o render de homenagem a Narciso, sentado na beira do seu lago, mas a verdade é que desenvolvi tal gosto pela escrita que não imagino o resto da minha existência apenas a produzir actos tecnocratas na minha profissão.
Sei que não tenho a qualidade dos grandes mestres no domínio da escrita penteada, elegante, profunda e perfumada de aromas mistos, ora densos e estruturados, ora leves e frescos, mas sei que posso sempre aprender mais, melhorar o nível qualitativo da estruturação das minhas palavras e juntar à minha existência uma nova dimensão, de fruição pela escrita.
Vários amigos têm vindo a desafiar-me a escrever com mais frequência; uns chamam-me pseudo-filósofo, outros entendem que sou um sonhador e "um lírico", pela forma como exteriorizo aquilo que penso e em que acredito. Outros vêem em mim um rastilho de tristeza e amargura que apenas precisa de um fósforo na ponta para se auto-consumir num som contínuo, consumindo-se a si mesmo até rebentar quando se esgota.
Não sei! Sinceramente, não me detenho por muito tempo a definir-me e a definir o que me caracteriza enquanto ser humano.
Apenas sei agora, de fonte segura e ideal bem consolidado, que o meu futuro vai passar por momentos mais duradouros a escrever.
No passado fiz vários ensaios para livros de contos, comecei dois ou três livros em formato de novela, iniciei um punhado de poemas que fui coligindo desde os tempos de faculdade e dei início a um livro auto-biográfico, bem documentado, desde a minha entrada na política, em meados dos anos 80. Não possuo ainda, porém, idade para autobiografias nem creio a quem isso possa interessar mas será, decerto, um legado que deixo aos meus sucessores. Pelo menos eu sinto falta de saber mais sobre os meus antecessores, dos quais sei apenas episódios fragmentados dos seus actos e pouco ou nada sei acerca do que eram os seus valores e ideais de vida. E não me venham dizer que nesse tempo as pessoas não pensavam, que não sabiam ler nem escrever, que passavam a vida a trabalhar a terra e a cuidar de uma existência vazia aos nossos olhos nos tempos que correm. Não acredito nisso, em termos generalistas.
Por isso, sei que se tiver saúde e lucidez, cada vez mais procurarei acrescentar à minha existência uma nova dimensão, que me dá já grande prazer: a de procurar que a palavra escrita me realize ainda mais. Vejo-me sentado na enorme varanda da minha casa - que ainda não existe - no Codes, debruçada sobre o vale mágico onde corre a ribeira, mansa e serena ao longo de quase todo o ano, a ouvir música, repleto de memórias de uma existência vivida com sentido, entre os despojos que terei coleccionado ao longo dos anos, em vários locais do nosso pequeno planeta Terra, cercado de imagens da minha existência e dos que me são ou foram próximos, quais fantasmas beingnos que me inspirarão a ser um criativo e inovador produtor de textos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

#037 Se não fosse trágico, até seria cómico...

...a notícia que o jornal IOnline hoje nos traz!
O corpo da notícia é o seguinte:
«Em 2011, Portugal sairá da estagnação e voltará a crescer (1%), diz a Comissão Europeia nas previsões de Outono, ontem divulgadas. Mas os contribuintes que se preparem: de 2011 inclusive em diante, terão de pagar a dívida enorme que ajudou a sanear a actual recessão e que, diz-se, ajudará a prevenir a recaída num novo ciclo recessivo. Quem, depois disto, conseguir manter o emprego agradece, uma vez que o desemprego vai manter-se em 9%, um recorde de décadas. Este panorama - desemprego alto e persistente, défices públicos em alta derrapagem e retoma insípida - é comum à maioria dos países europeus, mostra a Comissão.

No caso de Portugal, entre 2009 e 2011, a carga de impostos e contribuições deve aumentar 2,5 mil milhões de euros, mas tal será insuficiente para evitar uma explosão no défice orçamental. A despesa continuará a subir e muito. Este ano, o 'buraco' das contas públicas chegará a 8% do produto interno bruto (PIB), mas em 2011 já estará muito próximo de 9%.

Segundo as contas de Bruxelas, à luz das políticas actuais do governo PS, a dívida pública, que representa os encargos que terão se ser pagos no futuro, atingirá os 153,5 mil milhões de euros em 2011 ou 91% do PIB, um aumento de 50 mil milhões face a 2007, ano em que começou a crise. É alarmante dizem vários economistas.

Desde o início da década que a dívida pública, embora crescesse, esteve relativamente contida na casa dos 50% e 60% do PIB. Agora, depois da crise, os encargos que terão de ser pagos pelas gerações futuras agravam-se de forma dramática. É este dinheiro que está a ser e será usado para financiar os grandes investimentos que o Estado já tem no terreno e os que ainda pretende lançar, como o TGV e o novo aeroporto.

"É lamentável o que está a acontecer. Basicamente, é aquilo que sempre se fez: tentar crescer com base no endividamento", defende João Cantiga Esteves, professor de Economia do ISEG. "Que se implemente um plano anticrise muito calibrado e direccionado, tudo bem. Agora, os números da Comissão Europeia mostram que Portugal e os outros países estão a ir muito além do admissível. No caso de Portugal, sem resultados económicos visíveis. A estagnação do próximo ano e o crescimento de 1% em 2011 não chega para recuperar os empregos que se perderam nos últimos anos, nem para fazer baixar o desemprego", lamenta.

Entre o início da crise (2007) e 2011, Portugal registará uma destruição de 112 mil empregos. Só na anterior legislatura (2005 a 2009) o número de empregados na economia caiu 70,5 mil. Sócrates tinha estabelecido como meta criar 150 mil novos postos de trabalho. Em 2011, mesmo com um crescimento de 1%, o emprego vai estagnar, depois de dois anos consecutivos de perdas.

Paula Carvalho, economista do Banco BPI, também admite que "há coisas nas contas públicas que até podem melhorar com o tempo - o plano anticrise vai ser retirado aos poucos, a economia vai crescer um bocadinho mais e gerar mais receitas fiscais". A continuação da reforma da função pública e a contenção da despesa com salários é um dos vectores que pode ajudar a reverter a explosão do défice.

"Mas esta crise veio agravar os problemas estruturais que já existiam. O mais evidente é o da dívida pública. Mesmo que o governo ajuste algumas políticas para regressar à consolidação orçamental - e é expectável que o faça - a dívida e os juros que sobre ela incidem devem aumentar de forma expressiva", acrescenta a economista.

O professor universitário relembra que "falta ainda o pior: o BCE deve começar a subir taxas de juro no final de 2010, o que causará uma pressão devastadora na dívida e nos impostos", insiste.

Tudo indica que, em 2011, os portugueses começarão a sentir na carteira a segunda parte do custo da crise. O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, e o consenso dos ministros das Finanças europeus, pedem que os governos tenham cuidado a retirar as medidas de estímulo orçamental para que os países não deslizem de novo para uma recessão. A "retirada prematura de qualquer estímulo orçamental com o início de esforços superiores de consolidação orçamental" é um dos maiores riscos actuais.

Os aumentos "deliberados" de despesa para acudir a famílias e empresas, como ontem referiu o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, foi crucial para segurar a economia.

Mas o caminho de saída já está a ser pensado. "Portugal necessita de uma estratégia de médio prazo, como estava a fazer antes da crise, de consolidação das contas públicas, porque o nível do endividamento está a aumentar mais uma vez rapidamente", alertou ontem em Bruxelas, Joaquín Almunia, o comissário europeu para os assuntos económicos».
Vale a pena ler! E reflectir! E pensar bem na vida!