domingo, 31 de maio de 2009

#024 Claro como água?

Como ser claro e não ser enigmático? Mas, também, ser claro porquê, para quê e para quem? A quem queremos agradar quando desejarmos ser claros (mesmo que não o desejemos na totalidade, em última instância)?
Não andamos sempre com o mesmo humor.
Nem sempre a vida nos sorri ou corre bem. Às vezes lá calha mas são tantos os perigos, riscos, dissabores, desencantos, desilusões, entre outros fenómenos de carga negativa, que nem sabemos por onde começar.
Não gostamos de nós mesmos todos os dias. Todos temos coisas em que gostaríamos de mudar. Uns pensam e agem. Outros escrevem as sugestões de melhoria e procuram iniciar um caminho de auto-redescoberta e auto-realinhamento. Outros fazem de conta que não se percebem a sim mesmos e continuam na vida, ao seu ritmo, indeferentes sobre os outros, ignorando se são amadaos, tolerados ou odiados.
Depois de feita uma coisa, não podemos apagar o passado. Depois de ditas as palavras não as podemos remover. Podemos corrigir, podemos emendar, podemos pedir perdão, se esse pedido for genuinamente sentido. Ou podemos continuar na mesma, ou mudar de vida, seguir outro rumo, encontrar outros pontos de equilíbrio.
A decisão nunca é fácil. Nenhum processo de decisão que envolve opções sobre valores essenciais da nossa vida é fácil.
Mudar de partido político, mudar de clube, mudar de cidade, mudar de emprego, mudar de companheiro(a), mudar opções, mudar atitudes. Tudo implica assumir riscos, tudo implica passar a lidar com o mais ou menos desconhecido.
Que boa que é a sensação de serenidade, de nada ter de especial para decidir, de fazer contas aos dias sem dificuldades de maior.
Esse é o mundo ideal. Não é o mundo possível nem o mundo real, em que hoje vivemos e onde o risco, todos os riscos, são determinantes para nos traçarem a felicidade e a qualidade de vida no futuro.

terça-feira, 26 de maio de 2009

#023 (Re)encontra-te

Quando estamos tristes, sabemos que os amigos, os verdadeiros amigos, estarão aqui, ao nosso lado.
Quando estamos doentes, sabemos que os amigos, os verdadeiros amigos, estimarão mesmo as nossas melhoras.
Quando a vida não nos sorri, sabemos que os amigos, os verdadeiros amigos, se preocupamrãocom o nosso bem estar.
Quando nos encontramos, quando nos (re)encontramos, sabemos que os amigos, os verdadeiros amigos, esses ficarão contentes, por vezes ardentemente contentes.
Os dias são todos diferentes e, contudo, não poderiam ser mais iguais uns aos outros.
Com a vertigem da vida quotidiana, quem tem tempo para ser igualitário e promover a dita igualdade, corrigindo os defeitos da desigualdade que pulula, latente e activa, nas vidas de toda a gente?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

#022 Estou bem, obrigado.

Depois da tempestade costuma vir, diz o ditado, a bonança.
Depois de uma fase de maior introspecção pode surgir, assim, uma fase mais extrovertida, mais comunicativa, mais positiva, mais esperançosa.
Por vezes sabe bem fugir das rotinas para nos (re)encontrarmos. Nem sempre isso é fácil. Mas, noutras vezes, está ali tudo, mesmo à mão de semear, ou de colher o que antes já havia sido semeado.
Estou bem, obrigado.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

#021 Não me largas. Vai-te.

Fecho os olhos e tento ver-te. Tento sentir na ponta dos dedos os contornos do teu rosto. Por mais que tente não consigo tocar-te. Vejo-te mas não tens forma tridimensional.
Não te sinto e, no entanto, estás ali. Desejo não te querer mas não tenho como te evitar. Resigno-me, abro os olhos, espreito para o lado e ali estás tu.
Tu... Tu mesmo, ser que não existes mas que teimas em me perseguir.
Sinto que me odeias, que me queres fazer mal, que não dormes nem te deitas, tu que não te emocionas com uma aurora de Primavera, tu que não vertes uma lágrima nem quando uma criança inocente sofre nas mãos se um qualquer adulto cruel.
Tu só queres que eu sofra, que eu seja infeliz, que eu seja miserável. Tu que não me largas.
Mas eu...
...eu sou como Fénix, que renasce das próprias cinzas. Posso não saber andar bem mas vou-me equilibrando, posso não conhecer o caminho mas sei tactear e encontrarei o Norte.
A mim - garanto - não vais conseguir derrotar, não vais conseguir vergar ante o peso da tua força bruta, silenciosa mas esmagadora.
És cruel, és feio por fora e cinzento por dentro.
Há quanto tempo não te emocionas com uma gota de orvalho que escorre numa qualquer folha de árvore que rebenta numa daquelas árvores da colina junto da ribeira?
Há quanto tempo perdeste toda a capacidade de rires de ti mesmo, das tuas pequenas asneiras e fraquezas, ou mesmo de mim, já que não me largas nem por um minuto e sabes tudo de mim?
Há quanto tempo não ouves delcamar um poema?
Há quanto tempo não jogas ao pião?
Há quanto tempo não sujas os calções com as traquinices que são normais aos meninos da nossa rua?
Conheço-te desde que nasci. Sempre andaste a meu lado. Sempre. E nunca, nunca, te vi fazer nada disso.
Mas agora não te quero mais junto de mim.
Como hei-de mandar-te embora? Ou terei de aceitar que nunca me deixarás.
Se ao menos falasses comigo e me compreendesses, se fosses tolerante, paciente e bom ouvinte.
Mas não! Tu és amorfo, simplesmente existes e esse teu silêncio é uma manobra obscura para dares comigo em louco.
Não hás-de conseguir.
Vai-te embora. Vai. Para sempre. Afasta-te de mim, sombra minha que me assustas.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

#020 Recomeço

Em todos os momentos da nossa vida há um tempo para recomeçar.
Recomeçar a escrita de um livro, recomeçar um projecto profissional, recomeçar um projecto familiar, recomeçar um projecto de vida...
Recomeçar!