terça-feira, 20 de janeiro de 2009

#003 Mudança de Rumo

Nelson Carvalho anunciou ontem que não será candidato a Presidente da Câmara Municipal de Abrantes.
A notícia já circulava nos meios políticos há algumas semanas. Eu fui informado, se bem me lembro, no dia 8 de Janeiro. E, por certo, não terei sido dos primeiros.
É assim a vida.
Esta decisão é natural e pessoal. Respeite-se a sua vontade e a dignidade que pretendeu conferir ao gesto do anúncio, em conferência de imprensa.
Creio que Nelson Carvalho está a jogar bem o seu jogo. Admito não saber tudo, nem dispor de toda a informação, mas creio que consigo perceber onde quer chegar e está a aproveitar algumas mudanças recentes e futuras no xadrez do PS distrital para se posicionar. Não estou totalmente convencido de que chegue a concluir o seu mandato autárquico. Depende do posicionamento de outros candidatos e de outras candidaturas, noutros concelhos, pelo que consigo ler. E desse posicionamento pode renascer um novo horizonte político para o autarca de Abrantes. Fora de Abrantes.
Que deixa obra feita e muita despesa corrente para a manter, isso é verdade.
Que aproveitou os dinheiros comunitários mas não criou nenhuma centralidade evidente para Abrantes, nem conseguiu tornar a cidade e o concelho uma opção de vida para famílias de fora, também me parece evidente.
Que fez obra de rentabilidade económica e social duvidosa - veja-se o 'deserto' Aquapolis ou o 'deserto' Centro Histórico, isso posso dizer porque é nisso que acredito desde há muito.
Mas que fez obra e que foi largamente apoiado pela população para a continuar a fazer enquanto quis, isso é outra verdade. E o povo, pelo seu voto, é soberano. Por isso a maioria da população não se pode queixar do seu futuro. Que podia e ainda pode ser diferente, para melhor.
A sucessão natural de Nelson Carvalho dentro do PS está antecipadamente decidida mas creio que não vai ser consensual. Na próxima 6ª feira se verá como reagem os militantes do PS perante os projectos em confronto.
Por mim, para mim, tanto se me dá como se me deu. Venha quem vier, seja quem for, não me alimenta nenhum entusiasmo especial.
Faz já bastante tempo desde que decidi o meu futuro. Nem sempre as oportunidades se cruzam com as disponibilidades. E, além disso, os partidos têm regras e órgãos próprios de legitimação da vontade dos seus dirigentes. Também os militantes - acima de tudo, cidadãos! - têm vontades, motivações e ambições que nem sempre se cruzam com as dos partidos. A política é a arte do possível, já não sei quem dizia mas com toda a razão.
O PSD tem agora uma oportunidade grande para conquistar o poder municipal. Assim saiba fazer bem o seu trabalho, nesta altura em que tudo está em jogo e em aberto. E em que muito pode e deve ser discutido para melhor se chegar à vitória eleitoral autárquica.
Não o fazer pode ser um erro, nesta altura em que as peças do xadrez mudaram de modo significativo. Há que agir com inteligência, astúcia e firmeza.

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