quinta-feira, 23 de julho de 2009

#025

Falta-me inspiração para o título deste post. Por isso, fica apenas o seu número de série sequencial. Porque é que tudo tem de ter um título, um nome, um rótulo? Não seria tudo mais simples se as coisas fossem lineares, leves e lógicas (um triplo L)?
O mundo está sem sentido e só faz sentido pensar e desejar ter um mundo com sentido. Há pouco li um blog de um amigo, o qual me fez parar um pouco para pensar.
A forma de ele escrever, sentida e pungente, é atrevida, irrequieta e, ao mesmo tempo, inquietante. Passa do ofegante ao sereno em pouco tempo, vai do caos à ordem num ápice e faz-me pensar que é neste jogo de luzes difusas e de contrastes que conseguimos identificar os nossos sentimentos e reconhecemos os nossos afectos.
Este jogo de busca pela paz interior, do equilíbrio emocional, da luz serena mas constante, é uma odisseia, por vezes quimérica que quase todos - atrever-me-ia a dizer mesmo todos - empreendemos diariamente.
Por vezes precisamos de estar apenas quietos e em silêncio. Noutras vezes em choque e em arrelia permanente. A paz interior e o equilíbrio emocional podem ser-nos revelados num beijo, num abraço, numa frase, numa música, num silêncio, numa brisa, num murmúrio, num sorriso, numa flor, num pássaro, numa paisagem, numa gargalhada, numa lágrima perdida num choro lânguido, num gemido de dor ou de prazer ou mesmo num grito de revolta e clamor pela serenidade. Tanto vaz.
Por vezes tudo isso provém do nada, da simples dimensão telúrica de uma existência que se identifica com a natureza, num ribeiro cuja água corre veloz sem parar, numa árvore cujos ramos pendem graciosamente sobre o vale, numa colina onde a vegetação seca pelo calor do verão ondula ao sabor da brisa quente do final de tarde.
Cada um de nós tem - melhor, procura ter! - o seu Shangri-La, essa singular criação literária de James Hilton, no seu «Horizonte Perdido», o tal lugar que se confunde com o paraíso na Terra, em terras dos Himalaias, onde o tempo fica em suspenso num clima de êxtase, felicidade, saúde e prosperidade, onde todos os seres coexistem em perfeita harmonia, sem invejas, ciúmes ou querelas.
É esta promessa de um «mundo novo» que nos move, nesta terra que, também ela, se move, como disse, e bem, Galileu: «Et pur si mueve!».
O meu Shangri-La, imagino-o no Codes. E é lá que espero (re)encontrar, um dia, a minha paz, a minha serenidade, talvez mesmo a domesticação do animal selvagem que sinto habitar, por vezes, dentro de mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

Deveras reflexivo e inquietante este texto... revela a busca, a procura, a vontade e desejo de mais e principalmente do equilibrio e do bem estar interior, e consequentemente bem estar com os outros...
Continua... Estás no bom caminho!
Abraço