domingo, 15 de fevereiro de 2009

#011 Fora de Tudo

Uma das coisas melhores que podemos ter quando estamos mais afastados da vida político-partidária é que estamos mais afastados da vida político-partidária!
É verdade.
Não sou diferente, porventura, dos outros mas consegui mesmo estar de uma forma mais distante e mais serena face ao enquadramento dos partidos políticos.
Nos últimos dias algumas pessoas me têm abordado na rua perguntando-me se eu sou novamente candidato à câmara de Abrantes.
Logicamente respondo que não. Mas algumas pessoas ficam a olhar para mim como a perguntarem a si mesmas: «então mas tu agora é que devias aproveitar, o Nelson não concorre, tens mais hipóteses». Algumas pessoas verbalizam mesmo isso.
Compreendo-as e aceito as observações.
Mas a vida é mesmo assim. A minha decisão de não concorrer foi tomada na noite das eleições de 2005. E assumi compromissos com base nisso. Poucas pessoas saberão que recusei uma excepcional oportunidade profissional, em Maio de 2005, porque tinha um compromisso assumido com o meu partido e com os eleitores - a campanha estava em marcha e não me foi possível desistir para aceitar aquela que terá sido, até hoje, uma das mais aliciantes e desafiadores oportunidades profissionais, em contexto multinacional.
Acresce que nunca passei da fasquia dos 30% em Abrantes.
Acresce que considero que os eleitores são sempre lúcidos no momento da escolha. Um pouco mentirosos, é certo, mas lúcidos na hora de votar. Era bom que fossem mais honestos quando nos abordam ou são abordados nas campanhas. A julgar pelas palavras simpáticas e palmadinhas nas costas, todos os candidatos, sem excepção, poderão ambicionar um resultado acima do que, na prática, se vem a verificar. O povo mente, os políticos mentem, toda a gente mente a toda a gente. É esta a essência da política nos dias de hoje.
É, também, por isso que decidi afastar-me. A política é um jogo difícil de equilíbrios e acordos tácitos muito pouco perenes.
Acompanho, contudo, a política local, regional e nacional. Não estou desatento. Mas não vou andar por aí. Não vou ficar à espreita. Vou fazer o meu caminho. Não significa isso que me seja indiferente. Não é.
A política em Abrantes vai aquecer nos próximos meses, acredito eu. Será - como sempre - da forma que os eleitores decidem.
Decidem sempre bem? Como disse, quero acreditar que sim. Pelo menos, decide sempre uma maioria. O que não significa que quem perde não tenha razões ou a maioria de razão do seu lado. Na hora de votar a componente afectiva conta, a fidelização partidária e/ou ideológica (quando esta existe) conta também, a tradição conta. Tudo isso conta. E melhor aproveita quem saiba navegar nessas águas e aproveitar os ventos favoráveis, colocando-se a jeito. Há pessoas com sorte, há pessoas com talento. Desse modo poderemos ter pessoas com sorte e com talento, pessoas com sorte e sem talento, pessoas sem sorte mas com talento e pessoas sem sorte nem talento.
Olhem para o panorama dos candidatos anunciados e façam o pequeno exercício de ver em que perfil se encaixa cada um deles.
Eu já o fiz. E fartei-me de rir, juro.

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