domingo, 22 de abril de 2018

#069 Saber amar

Um dia vais ficar a saber. Prometo. Chegará o dia em que, sem que estejas à espera, vais ouvir da minha boca, finalmente, aquilo por que tanto anseias.
Sim, eu sei que há muito esperas que te diga que te amo, que te quero, que és o centro do meu mundo. Mas o que tu não sabes ainda é que és tudo isso e muito mais. Não lido bem com as oralidades, o frente a frente deixa-me desconfortável, as palavras não me saem como as quero dizer e a garganta não consente que exteriorize, que manifeste, que torne público o quanto te quero e te amo.
Sim, eu sei que não deveria ser sim. Deveria eu ser capaz de dizer com a mesma melodia com que escrevo...
Sabes que a escrita pode ter melodia na foma como ordenamos as letras e as palavras, no modo singelo como jogamos com a cadência do pensamento, na forma ordenada como lideramos o pensamento dos outros e os condicionamos para que encontrem as emoções que procuramos estimular e experimentem as sensações que quem escreve também está a sentir?
Sim, eu sei que tudo não passa de desculpas e que tu preferias que eu escrevesse menos sobre afetos e fosse mais generoso nos ditos, mais atuante ou, como se diz agora, mais proativo.
Sim, eu sei que um "eu também" é pouco quando o que recebemos é um sonoro e expressivo "Amo-te até ao infinito".
Um dia vais perceber que não te amo menos.
Um dia vais mesmo saber.
Nada menos do que isso. O difícil é que isso saia naturalmente de dentro de mim.
Quem sabe se é hoje que encontras a minha escrita dispersa pela casa, escondida nas gavetas onde a arrumo, juntamente com tantos outros pensamentos?
Seja como for, hoje ou depois, um dia vais ficar a saber

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