sábado, 9 de outubro de 2010

#057 Insónia

Acordo com insónias. Eram 5 da manhã.
Não acordo mal disposto nem deprimido - antes conformado e sem lamúrias. A situação em que o país se encontra não me choca porque não constitui novidade, não me angustia porque era inevitável e não me deprime porque acredito em mim, para além do meu país e acredito num punhado de gente boa e sã que teima em querer ser optimista mesmo que tenhamos de assistir diariamente a um conjunto de energúmenos que nos tomam por tolos e fazem discursos irresponsáveis sobre o Estado da Nação e nos mentem a toda a hora.
Ainda não sei quanto me pretendem "sacar" no ordenado, mas serão mais de 8% por certo, depois de me terem "sacado" 1,5% para o IRS em Julho, dizendo que isso chegava para endireitar Portugal e depois de ter tido aumento 0 em 2010 face a 2009.
Sucessiva e alternadamente, sobretudo desde 1985, temos sido governados por gente responsável (pouquíssimos) e irresponsável (esmagadora maioria), por gente competente (pouquíssimos) e incompetente (a larguíssima maioria), por gente sã (pouquíssimos) e perversa (a larguíssima maioria), por pessoas que colocam o interesse público acima de vaidades (pouquíssimos) e outros que não têm qualquer credibilidade e apenas existem para 'amanhar o seu peixe', beneficiar-se e beneficiar meia dúzia de amigos e familiares (a larguíssima maioria).
O resultado está à vista. Somos invariavelmente espoliados e tratados como 'atrasados mentais'. E o mais triste é que, se calhar, temos desejado que assim seja e merecemos que assim seja.
Não acredito, porém, que as medidas agora tomadas sejam suficientes para salvar Portugal.
Não acredito em milagres de contenção da despesa. Gostava de acreditar. Mas não acredito. E não admito como viável continuar a procurar dar equilíbrio às contas por força do aumento da receita, que acabará por matar de vez Portugal e a esperança dos portugueses.
A voraz máquina do Estado só se domestica com pulso forte e com duras medidas: extinção de serviços, fusão administrativa de autarquias, diminuição do número de eleitos e nomeados.
Há, porém, que manter inviolável o fundamento do Estado Social, em especial Educação, Saúde e Protecção Social. Ainda assim, com necessidade de que mesmo estas funções sejam mantidas no essencial.
Estas notícias recentes da festa da Anacom, das medalhas do Fisco e outras "merdices" que enojam são apenas o reflexo da pouca sustentabilidade ética dos quadros que, com base nas pressões dos partidos, acabam por fazer-se revelar com pesada factura para o Estado e, sobretudo, demolindo os argumentos de moralidade que temos ouvido da boca de Teixeira dos Santos, ele próprio um dos 'culpados' por não ter sido capaz de, em 4 anos, controlar a despesa e por não ter tido a coragem de falar a verdade aos portugueses.
"Desta vez é que é!", parecem querer dizer-nos Sócrates e Teixeira dos Santos. Mas eu já nem acredito que desta vez possa ser. Quem me garante que, dentro de 6 meses, este ou outro Governo, não nos virão pedir mais sacrifícios, dizendo que desta feita é que fizeram mesmo as contas e que para nos salvarmos enquanto Estado-Nação precisamos de mais uns quantos sacrifícios?