domingo, 29 de novembro de 2009

#041 Portugal pode falir? Pode, claro, como qualquer outro país...

Martin Avillez Figueiredo é um jornalista atento aos factos do Mundo e aprecio a forma como ele consegue ligar os acontecimentos à realidade portuguesa.
Não é que ele tenha descoberto a pólvora mas este artigo dele sobre o Dubai e as possibilidades de falência daquele pequeno Estado, tal como poderá suceder em Portugal, é uma realidade a não negligenciar.
Há muito que digo que Portugal é um país condenado e inviável, tal como está. Ou o petróleo e descoberto enquanto a 'economia do petróleo' ainda impera ou estamos prestes a entregar-nos a quem nos queira tomar. O problema - um grande problema - é que não acredito que exista quem nos queira pegar assim, tal como somos e estamos.
Vêm aí tempos ainda mais difíceis.

Contratempo dá prémio a alunos da ESTA

Parabéns à ESTA e aos alunos que conseguiram vencer o Concurso Canon do Estorial Film Festival 2009. Ao Pedro Cruz, ao Alexandre Carrança, à Ana Filipa Silvestre, ao João Almeida, ao Rafael Coelho, à Sara Bastos, à Soraia Arruda, ao Telmo Domingues, ao Vítor Rosário e à Carolina Balby, todos eles desconhecidos no 'meu mundo', muitos parabéns e votos de que prossigam com o seu ciclo de trabalhos com elevada qualidade.
Obrigado ao André Lopes por me ter dado a conhecer este bonito e sensível trabalho.
Como abrantino, fico orgulhoso.

#040 Pedrada no Charco


Com a sua habitual lucidez e notável capacidade de 'ler' o mundo que nos rodeia, António Barreto discorre, na edição de fim de semana do jornal "i", uma brilhante leitura do estado actual de Portugal.
Recomendo uma leitura na íntegra.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

#039 Leituras

O PROBLEMA DO FRANGO ATRAVESSAR A RUA,
SEGUNDO A OPINIÃO DE ILUSTRES PENSADORES DO PASSADO E DO PRESENTE

O frango atravessou a rua. Porquê?

Professora Primária
"Porque o frango queria chegar ao outro lado da rua."

Criança
"Porque sim."

Platão
"Porque queria alcançar o Bem."

Aristóteles
"Porque é da natureza do frango atravessar a rua."

Descartes
"O frango pensou antes de atravessar a rua, logo, existe."

Rousseau
"O frango por natureza é bom; a sociedade é que o corrompe e o leva
atravessar a rua."

Freud
"A preocupação com o facto de o frango ter atravessado a rua é um
sintoma de insegurança sexual."

Darwin
"Ao longo dos tempos, os frangos vêm sendo seleccionados de forma
natural, de modo que, actualmente, a sua evolução genética fê-los
dotados da capacidade de cruzar a rua."

Einstein
"Se o frango atravessou a rua ou se a rua se moveu em direcção ao
frango, depende do ponto de vista... Tudo é relativo."

Martin Luther King
"Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos livres podem
cruzar a rua sem que sejam questionados os seus motivos. O frango
sonhou."

George W. Bush
"Sabemos que o frango atravessou a rua para poder dispor do seu
arsenal de armas de destruição maciça. Por isso tivemos de eliminar o
frango."

Cavaco Silva
"Porque é que atravessou a rua, não é importante. O que o país precisa
de saber é que, comigo, o frango vai dispor de uma conjuntura
favorável. Não colocarei entraves para o frango atravessar a rua."

José Sócrates
"O meu governo foi o que construiu mais passadeiras para frangos.
Quando for reeleito, vou construir galinheiros de cada lado da rua
para os frangos não terem de a atravessar. Cada frango terá um
documento único de identificaçãoo e será avaliado e tributado de
acordo com a sua falta de capacidade para atravessar a rua."

Mário Soares
"Já disse ao frango para desistir de atravessar a rua! Eu é que vou
atravessar! Não vou desistir porque sei que os portugueses querem que
eu atravesse outra vez a rua!!!"

Manuel Alegre
"O frango é livre, é lindo, uma coisa assim... com penas! Ele
atravessou, atravessa e atravessará a rua, porque o vento cala a
desgraça, o vento nada lhe diz!"

Jerónimo de Sousa
"A culpa é das elites dominantes, imperialistas e burguesas que
pretendem dominar os frangos, usurpar os seus direitos e aniquilar a
sua capacidade de atravessar a rua, na conquista de um mundo
socialista melhor e mais justo!"

Francisco Louçã
"Porque é preciso dizer olhos nos olhos que só por uma questão racista
o frango necessita de atravessar a rua para o outro lado. É uma
mesquinhice obrigar o frango a atravessar a rua!"

Valentim Loureiro
"Desafio alguém a provar que o frango atravessou a rua. É
mentira...!!! É tudo mentira!!!"

Paulo Bento
"O frango atravessou a rua com naturalidade... Era isso que esperávamos
e foi isso que aconteceu, com muita naturalidade. O frango ainda é
muito jovem e estas coisas pagam-se caro, com naturalidade!!!"

Zézé Camarinha
"Porque foi ao engate! É um verdadeiro macho, viu uma franga camone do
outro lado da rua e já se sabe, não perdoou!!!"

Lili Caneças
"Porque se queria juntar aos outros mamíferos."

sábado, 7 de novembro de 2009

#038 Declaração de Vontade

Desde sempre tenho dedicado uma parte do meu tempo a pensar, a reflectir, a questionar-me perante os problemas do meu do mundo e, em geral, do Mundo.
Não sou um profundo conhecedor de nada nem especialista em análise social mas faço as minhas leituras. Gosto de ler e procurar interpretar comportamentos, individuais e colectivos e procuro aferir se existe nos mesmo um padrão comum, uma espécie de máximo divisor comum. Fico mesmo orgulhoso quando consigo perceber que um determinado pensamento, uma sensação, uma atitude é assumida por várias pessoas que não se conhecem e cujos mundos não se cruzam. É sinal de que algo concreto está a acontecer na comunidade.
Muitas vezes tenho procurado um novo caminho, um novo rumo, uma nova orientação na minha vida, na viagem que a parte que me é mais intangível tem de percorrer ao longo da existência física do meu corpo.
Procuro a elegância dos pensamentos, a jaquetância da escrita, a lucidez dos textos que produzo. Nem sempre tenho sucesso. Mas considero-me um afortunado por ter sido possível atingir um estadio de evolução que me permite, hoje, gostar do que escrevo, não só pela forma, como pelo conteúdo. Talvez seja o render de homenagem a Narciso, sentado na beira do seu lago, mas a verdade é que desenvolvi tal gosto pela escrita que não imagino o resto da minha existência apenas a produzir actos tecnocratas na minha profissão.
Sei que não tenho a qualidade dos grandes mestres no domínio da escrita penteada, elegante, profunda e perfumada de aromas mistos, ora densos e estruturados, ora leves e frescos, mas sei que posso sempre aprender mais, melhorar o nível qualitativo da estruturação das minhas palavras e juntar à minha existência uma nova dimensão, de fruição pela escrita.
Vários amigos têm vindo a desafiar-me a escrever com mais frequência; uns chamam-me pseudo-filósofo, outros entendem que sou um sonhador e "um lírico", pela forma como exteriorizo aquilo que penso e em que acredito. Outros vêem em mim um rastilho de tristeza e amargura que apenas precisa de um fósforo na ponta para se auto-consumir num som contínuo, consumindo-se a si mesmo até rebentar quando se esgota.
Não sei! Sinceramente, não me detenho por muito tempo a definir-me e a definir o que me caracteriza enquanto ser humano.
Apenas sei agora, de fonte segura e ideal bem consolidado, que o meu futuro vai passar por momentos mais duradouros a escrever.
No passado fiz vários ensaios para livros de contos, comecei dois ou três livros em formato de novela, iniciei um punhado de poemas que fui coligindo desde os tempos de faculdade e dei início a um livro auto-biográfico, bem documentado, desde a minha entrada na política, em meados dos anos 80. Não possuo ainda, porém, idade para autobiografias nem creio a quem isso possa interessar mas será, decerto, um legado que deixo aos meus sucessores. Pelo menos eu sinto falta de saber mais sobre os meus antecessores, dos quais sei apenas episódios fragmentados dos seus actos e pouco ou nada sei acerca do que eram os seus valores e ideais de vida. E não me venham dizer que nesse tempo as pessoas não pensavam, que não sabiam ler nem escrever, que passavam a vida a trabalhar a terra e a cuidar de uma existência vazia aos nossos olhos nos tempos que correm. Não acredito nisso, em termos generalistas.
Por isso, sei que se tiver saúde e lucidez, cada vez mais procurarei acrescentar à minha existência uma nova dimensão, que me dá já grande prazer: a de procurar que a palavra escrita me realize ainda mais. Vejo-me sentado na enorme varanda da minha casa - que ainda não existe - no Codes, debruçada sobre o vale mágico onde corre a ribeira, mansa e serena ao longo de quase todo o ano, a ouvir música, repleto de memórias de uma existência vivida com sentido, entre os despojos que terei coleccionado ao longo dos anos, em vários locais do nosso pequeno planeta Terra, cercado de imagens da minha existência e dos que me são ou foram próximos, quais fantasmas beingnos que me inspirarão a ser um criativo e inovador produtor de textos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

#037 Se não fosse trágico, até seria cómico...

...a notícia que o jornal IOnline hoje nos traz!
O corpo da notícia é o seguinte:
«Em 2011, Portugal sairá da estagnação e voltará a crescer (1%), diz a Comissão Europeia nas previsões de Outono, ontem divulgadas. Mas os contribuintes que se preparem: de 2011 inclusive em diante, terão de pagar a dívida enorme que ajudou a sanear a actual recessão e que, diz-se, ajudará a prevenir a recaída num novo ciclo recessivo. Quem, depois disto, conseguir manter o emprego agradece, uma vez que o desemprego vai manter-se em 9%, um recorde de décadas. Este panorama - desemprego alto e persistente, défices públicos em alta derrapagem e retoma insípida - é comum à maioria dos países europeus, mostra a Comissão.

No caso de Portugal, entre 2009 e 2011, a carga de impostos e contribuições deve aumentar 2,5 mil milhões de euros, mas tal será insuficiente para evitar uma explosão no défice orçamental. A despesa continuará a subir e muito. Este ano, o 'buraco' das contas públicas chegará a 8% do produto interno bruto (PIB), mas em 2011 já estará muito próximo de 9%.

Segundo as contas de Bruxelas, à luz das políticas actuais do governo PS, a dívida pública, que representa os encargos que terão se ser pagos no futuro, atingirá os 153,5 mil milhões de euros em 2011 ou 91% do PIB, um aumento de 50 mil milhões face a 2007, ano em que começou a crise. É alarmante dizem vários economistas.

Desde o início da década que a dívida pública, embora crescesse, esteve relativamente contida na casa dos 50% e 60% do PIB. Agora, depois da crise, os encargos que terão de ser pagos pelas gerações futuras agravam-se de forma dramática. É este dinheiro que está a ser e será usado para financiar os grandes investimentos que o Estado já tem no terreno e os que ainda pretende lançar, como o TGV e o novo aeroporto.

"É lamentável o que está a acontecer. Basicamente, é aquilo que sempre se fez: tentar crescer com base no endividamento", defende João Cantiga Esteves, professor de Economia do ISEG. "Que se implemente um plano anticrise muito calibrado e direccionado, tudo bem. Agora, os números da Comissão Europeia mostram que Portugal e os outros países estão a ir muito além do admissível. No caso de Portugal, sem resultados económicos visíveis. A estagnação do próximo ano e o crescimento de 1% em 2011 não chega para recuperar os empregos que se perderam nos últimos anos, nem para fazer baixar o desemprego", lamenta.

Entre o início da crise (2007) e 2011, Portugal registará uma destruição de 112 mil empregos. Só na anterior legislatura (2005 a 2009) o número de empregados na economia caiu 70,5 mil. Sócrates tinha estabelecido como meta criar 150 mil novos postos de trabalho. Em 2011, mesmo com um crescimento de 1%, o emprego vai estagnar, depois de dois anos consecutivos de perdas.

Paula Carvalho, economista do Banco BPI, também admite que "há coisas nas contas públicas que até podem melhorar com o tempo - o plano anticrise vai ser retirado aos poucos, a economia vai crescer um bocadinho mais e gerar mais receitas fiscais". A continuação da reforma da função pública e a contenção da despesa com salários é um dos vectores que pode ajudar a reverter a explosão do défice.

"Mas esta crise veio agravar os problemas estruturais que já existiam. O mais evidente é o da dívida pública. Mesmo que o governo ajuste algumas políticas para regressar à consolidação orçamental - e é expectável que o faça - a dívida e os juros que sobre ela incidem devem aumentar de forma expressiva", acrescenta a economista.

O professor universitário relembra que "falta ainda o pior: o BCE deve começar a subir taxas de juro no final de 2010, o que causará uma pressão devastadora na dívida e nos impostos", insiste.

Tudo indica que, em 2011, os portugueses começarão a sentir na carteira a segunda parte do custo da crise. O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, e o consenso dos ministros das Finanças europeus, pedem que os governos tenham cuidado a retirar as medidas de estímulo orçamental para que os países não deslizem de novo para uma recessão. A "retirada prematura de qualquer estímulo orçamental com o início de esforços superiores de consolidação orçamental" é um dos maiores riscos actuais.

Os aumentos "deliberados" de despesa para acudir a famílias e empresas, como ontem referiu o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, foi crucial para segurar a economia.

Mas o caminho de saída já está a ser pensado. "Portugal necessita de uma estratégia de médio prazo, como estava a fazer antes da crise, de consolidação das contas públicas, porque o nível do endividamento está a aumentar mais uma vez rapidamente", alertou ontem em Bruxelas, Joaquín Almunia, o comissário europeu para os assuntos económicos».
Vale a pena ler! E reflectir! E pensar bem na vida!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

#035 Preso de mim

Procuro as palavras certas que me libertem a consciência, prisioneira que está dos dogmas que a vida me foi inculcando.
Oiço o silêncio deste quarto onde me encalusuro em busca do que não posso encontrar.
A televisão mostra-me o óbvio e vulgar, por vezes mesmo aquilo que não quero ver.
Será que alguém me consegue ouvir?
Será que alguém me ouve a rir?
Algo me prende. Algo me segura.
Vou dormir, pois o cansaço é mais que muito.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

#035 Tranquilidade

Escrevo hoje sem nexo de causalidade. Escrevo apenas palavras soltas ao vento, que traduzem um estado de alma quase anestésico, embriagado que estou com a chegada de rompante deste Outono quente.

Em breve – dentro de dias – cumprirei mais um aniversário, que agora celebro com a serenidade que a “ternura dos 40” já me permite compreender. Como estou diferente!

A forma de olhar o Mundo, a Vida, a Natureza, as Pessoas, os Factos, os Problemas, as Encruzilhadas, os Dramas, as Causas, são hoje encaradas com mais objectividade e frontalidade. Continuo a tomar decisões, a assumir proposições verdadeiras e falsas, a intuir o terreno que piso. Mas, ao mesmo tempo, penso que aprendi a conhecer-me melhor, a ser mais autêntico, mais frontal, mais humano, mais tolerante e fraterno.

O milagre da transmutação deu-se e sinto não cometer grandes maldades. Não sou crente em nenhum Deus nem em nenhum dogma mas valorizo as coisas simples, como os bichos, as flores, as crianças, os amores, as paixões, os pingos da chuva, os raios de luz da madrugada, os olhares cúmplices de crianças e inocentes, um jogo simples de futebol.

Recordo a entrevista de António Lobo Antunes a Judite de Sousa e a forma poética como em prosa ele se exprimiu. Por exemplo, o milagre do homem alentejano que, com fato velho e sem gravata, se apresentava no IPO para tratamento e, aos olhos do escritor, vestia a mais bela gravata que um homem poderia usar. Aprendi a ver o invisível e recordo frases da minha mocidade como aquela que dizia que “o essencial é invisível aos olhos e só se vê com o coração”.

Para testemunhar este estado de alma, tranquilo, apesar da turbulência do mundo em que vivemos, aqui fica uma música do Youtube que recomendo a quem procura paz e serenidade.



domingo, 18 de outubro de 2009

#034 Futuro

As eleições não são - nunca foram - um fim.
Com as eleições perspectivam-se futuros, desenham-se cenários num tempo que se deseja fértil de bons acontecimentos e sereno no momento da colheita.
É assim em todo o lado: em Abrantes, Sardoal, Mação, Constância, Vila de Rei, Gavião, Ourém, Rio Maior, Santarém, Porto, Lisboa, Faro, em todo o lado.
Quem ganha está sempre de parabéns, por isso, o PS de Abrantes está de parabéns.
Muitos dos que perdem também merecem felicitações e uma palavra de ânimo. Só os que perdem sem honra nem glória, que têm mau perder, que preferem fazer uso de palavras insultuosas no rescaldo ou na ressaca de uma derrota que não desejavam ter, esses, ao contrário dos primeiros, não estão de parabéns. É tempo de lhes apresentarmos sentidas condolências. Sem escárnio, sem ironia, sem gozação.
Não tenho nenhuma vaidade especial em ser comentador da Antena Livre. Ou melhor, tenho honra e orgulho mas não me sinto vaidoso ou pretensioso. E, ao contrário do que alguém possa pensar (pelo menos afirmar, já que pensar é exercício que não se atribui a todos os seres vivos) não estou lá para ajustar contas com ninguém.
Fui convidado. Aceitei. Acho que reúno algumas características, nomeadamente experiência de vida, cultura geral e sentido cívico de serviço à comunidade a que pertenço, motivos que considero terem sido suficientes para ter sido convidado pelo Jerónimo Jorge.
E assim vai ser, procurando ser equilibrado e ter bom senso durante a série de programas do Radiografia que estão previstas. Sei que o programa é ouvido em Abrantes, Covilhã, Leiria, Lisboa, Queluz-Massamá, Cascais, para além da cobertura das ondas hertzianas, fruto das tecnologias web. Tenho recebido ecos dessa realidade.
Não sou apolítico nem sequer apartidário. Por isso, as minhas afirmações não são equidistantes face a todos os assuntos e pontos de vista. Nem isso me foi pedido ou, sequer, sugerido. O que eu digo, nesse programa, é o que eu penso e o que eu penso está condicionado pelo que sou, pelo que sei, pelo que vivi e vivo, pelas experiências, pela orientação política que tenho, por um conjunto de valores que enformam a minha personalidade.
Por isso, estive uma semana sem aqui apresentar felicitações a quem venceu e uma palavra de conforto a quem não o fez e a merece.
Para os que perderam as eleições, resta o balanço, por vezes feito no silêncio e no recato que se deve conceder. E, em seguida, o balanço e as contas prestadas a quem os propôs e defendeu.
Não sou apologista de que todos os derrotados devam assumir lugares autárquicos. Como também não o sou aquando de eleições legislativas. Só que, invariavelmente, quando se perde tiram-se ilacções e, tantas vezes, há alterações nas estruturas políticas dirigentes, de modo a melhor se prepararem os actos eleitorais futuros.
Se alguém concorreu para ser nº1, qualquer lugar abaixo disso pode não lhe interessar. Eu perdi por duas vezes e fiz 2 mandatos praticamente completos. Apenas não terminei este por motivos de elevado volume de trabalho, que me exige muita dedicação, muito esforço, muitas horas de preparação e de trabalho. Mas, mesmo assim, no Verão que terminou, ainda regressei ao órgão executivo municipal.
Aceito, pois, que quem não venceu possa desejar não ficar 4 anos a fazer oposição. É claro que assumir isso, sendo legítimo e até aceitável, não significs que não haja custos políticos para quem o faz e para o grupo que representa. Desde logo, de orfandade. Mas, também, porque os apoiantes e os votantes gostariam de ver essa(s) pessoa(s) cumprir o mandato que lhe foi atribuído.
Outros há, contudo, que nem sequer têm essa oportunidade, pois não possuem lastro político de apoio que lhes permita ter representação e/ou crédito na comunidade que lhes permita serem eleitos. Alguns desses aceitam o veredicto e a vida continua. Outros, não aceitam o destino que a democracia lhes reservou e decidem agir com má fé, dolo, proferindo insultos, ofensas, calúnias, numa campanha negra que - admito - lhes faz bem ao ego porque despejam a sua raiva e todo o rol de frustrações em cima dos outros.
Como se vê, todas as estratégias são possíveis. Mas o futuro, esse momento que sabemos que vai surgir embora ainda não saibamos de que modo se vai vestir, é pródigo em permitir acertar contas com o passado e com a história.
Por mim, por agora, fico apenas a assistir. No futuro, logo se vê.
O futuro não está escrito nem pré-determinado. Somos nós que o construímos, ou que o destruímos - depende da perspectiva.

sábado, 10 de outubro de 2009

#033 Reflexão

O debate passou, foi engraçado. A campanha continuou, animada.
Hoje é dia de reflexão. Amanhã é dia de decisão. Para nos ajudar a passar o dia teremos o jogo de futebol com a selecção nacional e confrontar-se com a Hungria.
Vou tentar aproveitar para descansar e ler. Olho para a minha mesa de cabeceira e até me assusto com a quantidade de livros que comecei a ler e sinto que devo abreviar as leituras, para que as mesmas não se transformem num pesadelo.
O que tenho eu aqui ao lado?
- A Geografia da Felicidade, de Eric Weiner;
- O Processo, de Franz Kafka;
- Quando Nietzsche chorou, de Irvin D. Yalom;
- Os Cinco Desafios de uma Equipa, de Patrick Lencioni;
- O Livreiro de Cabul, de Asne Seierstad;
- O Livro da Ignorância Geral, de John Lloyd e John Mitchinson;
- Cultura, de Dietrich Schwanitz;
- Breve História do Saber, de Charles Van Doren.
Falta-me aqui, agora reparo, o Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Anda por aí algures. Este e o Livreiro de Cabul são os que estão mais perto do final.
Mas, ao mesmo tempo, tenho sono e apetece-me dormir e quase nada fazer. E esperar, porque ainda estou a reflectir para o dia de amanhã.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

#032 Debate na Antena Livre hoje mesmo e reflexão sobre eleições autárquicas

Hoje é dia do grande debate Antena Livre com os candidatos.
Ouvi parte do debate de Domingo, na Rádio Tágide.
Belo esforço de Mário Rui Fonseca e da Patrícia Seixas. Foi pena a qualidade do som ser muito má.
Não gostei do debate, por culpa dos candidatos. Muito monocórdicos, excessivamente respeitadores dos tempos, com poucas interrupções de palavra e pouco contraditório nas ideias. Houve contraditório, sim, em questões menores, mais pessoalizadas, de ataques políticos de postura pessoal, como foi o caso de Maria do Céu Albuquerque com Albano Santos e ia sendo entre este e Santana Maia Leonardo.
Era bom que houvesse um debate para os candidatos à Junta de Freguesia de São Vicente.
Tenho muita simpatia pelo Luís Nuno Albú Dias. Sempre gostei da sua forma de ser. Acho que poderá dar um excelente autarca e é uma marca de inovação e renovação em muitas formas de fazer e pensar e agir em prol da comunidade.
Gostava que as pessoas o pudessem conhecer ainda mais e melhor, porque as pessoas são tradicionalmente conservadoras e raramente tiram o poder a quem o exerce, a menos que o exerça muito mal.
Em São João, veremos o que pode dar a disputa de Fernando Soares e Alfredo Santos, representando indepedentes e socialistas, comendo no mesmo espaço eleitoral. Veremos se chega para que Manuel Nogueira, pelo PSD, possa colher os réditos que ambiciona.
Alferrarede será outra incógnita. A minha amiga Regina Martins foi preterida pelo PSD e vai pelos independentes. Pedro Moreira recandidata-se. Adelino Venâncio também, sem a força de outrora. Serão suficiente para Dora ver chegar a sua vez?
Prevejo outra luta interessante em São Miguel do Rio Torto, onde os independentes se apresentam com gente que vem sobretudo da actual linha do PS. O PS, por sua vez, muda de candidato. Gosto da Raquel Almeida, do PSD. Simples, simpática, dinâmica.
Por fim, nas lutas mais difíceis que antevejo para já, São Facundo. Acho que o candidato independente, António Campos, que sempre foi pretendido por todos os partidos, desde há vários anos, vai ver chegar a sua hora. O PS também muda, ao que julgo saber, de candidato. Julgo ser aqui a freguesia onde os independentes terão a sua melhor expressão eleitoral no concelho.
Voltemos ao debate de hoje, uma vez que o que atrás ficou escrito são apenas sensações.
Espero que o Jerónimo Jorge consiga tornar dinâmico, fluído e esclarecedor o debate que será o último. Vamos poder vê-lo depois na TVRibatejo, em diferido ou, no mínimo, no site do Ribatejo?

NOTA: O que dirá hoje Nelson de Carvalho na sua Conferência de Imprensa? Não creio que vá influenciar nada das eleições ou tentar condicionar nada. Será apenas - julgo - uma despedida na semana em que decorrerão as eleições.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

#31 Radiografia, Japão e Eleições Legislativas

Uma crónica com três pontos.
1. O programa Radiografia, da Antena Livre, já está a ser um êxito. Pode não ser ouvido pela totalidade da população e não conheço o share mas os líderes de opinião ouvem e sabem o que lá é dito.
Na última 4ª feira, o programa, na sua segunda edição, entrou a 'esmiuçar' legislativas e autárquicas.
E logo no dia seguinte, para a Antena Livre, houve quem telefonasse a sugerir comentar ou questionar a legitimidade dos comentadores o poderem fazer.
Enfim, a tradicional asfixia democrática.
Sou um dos visados.
Vivo bem com isso.
Continuarei como até aqui, a dar a minha opinião e a minha visão, até que me digam que não faço falta naquela função.
Mas o espírito é bom e as coisas começam a aquecer.
2. Hitoyoshi. O Sr Tanaka e a sua comitiva geminaram a cidade e o concelho que representam com Abrantes. Valeu bem a pena a visita. Penso que a comunidade abrantina respondeu com dignidade e alegria, no seguimento da excelente recepção que nos proporcionaram a nós, em Outubro do ano passado, na nossa visita a Hitoyoshi.
Partiram de Abrantes esta tarde. Fica memória e a saudade. Houve visitas, houve convívio, houve solenidade, houve até diversão e fado, cantado por Joana Amendoeira, numa sala preparada em ambiente intimista. E houve até karaoke e um pézinho de dança.
Gostei de me associar ao evento, mesmo não sendo já vereador. Gostei de rever amigos - que já o são. Gostei das sementes que foram lançadas. E cá estarei para participar no acolhimento aos jovens japoneses, quando essa oportunidade chegar, se necessário for.
3. Domingo é dia de eleições legislativas. As sondagens são o que são e hoje conheceram-se várias que apontam para uma vitória do PS e do Engº José Sócrates. Várias razões existirão, se assim se confirmar. A estratégia da asfixia democrática revelou-se uma estratégia que não colhe na opinião pública? Ou o caso Lima-escutas foi outro auxiliar extra? Domingo tentaremos ver como todos os comentadores reagirão à verdade dos votos contados e como reflectem no comportamento dos partidos na formualação dos seus juízos e na preparação das respectivas leituras de dados.
Vamos lá votar. Ficar em casa é que não.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

#030 Campanhas por aí, por aqui e por além!

Segunda-feira, início de semana.
Faço o possível por me mentalizar que a semana vai decorrer bem. Olho para a agenda e vejo-a toda preenchida. Aqui e acolá um pequeno buraco. Reuniões, formações, decisões.
Disseram-me no supermercado, no passado fim de semana, que um blog de que muita gente fala dizia mal de mim. Dizia que sou um tachista e que vou ajustar contas com os meus inimigos de estimação no programa Radiografia.
Não sei, não conheço o espaço, não o visito e não irei visitar.
Enfim, o direito à asneira existe, é livre e não paga impostos. A pobre criatura que escreve tão infames linhas é um triste, mal-amado, porventura zangado com a vida e com o mundo. Seguramente, se tem filhos, será um mau exemplo porque as suas linhas transpiram rancor, ódio, vermelhidão no olhar. Tem bom remédio...
Segundo me contaram, ainda diz tal criatura que sou pago para fazer o programa como comentador. Nem comento... E atira com outras aleivosias próprias de uma demência não declarada e, porventura, não tratada.
Quero aqui deixar escrito, bem claro, que nada me move contra ninguém.
Que estou numa fase serena da vida.
Que estou bem comigo.
Que estou em paz com a vida e com o mundo.
Que optei livremente por uma nova etapa na vida.
Que trabalho para viver mas não vivo para trabalhar.
Que respeito as opiniões contrárias à minha, mesmo que erradas e fundadas em pressupostos de ironia, despeito e maledicência.
Mas não abdicarei nunca de dar a minha opinião sobre o mundo que me rodeia, as pessoas, os factos, as instituições. E isso irei, seguramente, fazer sempre que me for pedida a minha opinião.
Porém, sei que o mundo é uma pequena aldeia, cheia de interconectividades.
Todos os dias tenho provas disso e de encontros, desencontros, reencontros.
Acho mesmo que que até em Vanuatu, esse lugar distante que não conheço mas pretendo visitar, iria encontrar alguém que conhece alguém que eu conheço e a quem me ligam laços de amizade ou de mero relacionamento profissional ou mesmo circunstancial.
Por isso, de nada vale alimentar ódios estéreis ou vendettas balofas.
Mesmo os ignorantes, os incautos e os perversos têm direito a respirar o seu ar. E, um dia, espero e desejo, olharão para trás e verão o mal que fizeram e olharão para si e ajuizarão se estão em paz consigo e com o mundo, se têm gente a seu lado, se estão confiantes para viver o resto dos dias que lhes faltam, se sentem terem sido pessoas bondosas, altruístas, generosas, positivas, empreendedoras, que acrescentaram à sua comunidade algo de bom e de positivo.
Espero que a raiva, a intranquilidade, o ódio que sinto existir nessas pessoas as não impeça de fazerem um juízo criterioso e rigoroso da sua passagem pela vida.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

#029 Domingo no Codes


6 de Setembro de 2009, 15 horas e 14 minutos. Estou no Codes. Já reguei as árvores, depois de alguma dificuldade inicial em colocar a bomba de água a puxar água da ribeira, esta ribeira que se chama do Codes e dá nome ao lugar.

Estou sentado na beira do curso de água que está, aparentemente, estacionado. O Verão vai longo e o leito da ribeira espera pela chegada da época das chuvas, para voltar a ganhar fulgor.

Sopra uma brisa que se sente e ouve através do ondular das folhas dos choupos, salgueiros e sabugueiros. Aqui e ali pontuam umas pragas de canas e diversa vegetação autóctone. Tudo é verde por aqui, neste esconderijo onde me encontro. Olho para a esquerda e vejo a encosta que sobe até ao povoado e vislumbro algumas ruínas que me pertencem. Questiono-me sobre o dia em que irei começar a construir o meu abrigo no cimo desta majestática encosta. É aqui neste lugar que sonho poder passar alguns anos depois de o país me libertar do compromisso de ter de contribuir com o meu labor para a economia social. Espero que a mesma ainda chegue para usufruir com qualidade os dias que se seguirão a essa etapa, que ainda vem longe. Espero ter saúde e estar bem para poder contemplar esta natureza que me chegou às mãos e que hoje tenho obrigação de bem tratar.

Um dia quero poder passar finais de tarde na varanda ampla da casa do Codes, a ler, a escrever, a ouvir música, a pensar, a reflectir, a existir como ponto de apoio aos meus filhos e netos, neste espaço que é a mais forte ligação da família da minha mulher com as suas raízes, raízes que também são agora dos meus filhos e, por isso mesmo, minhas em defesa.

Gostaria de aqui reunir amigos, e lembranças, e fragmentos de uma vida cheia, e memórias felizes de tudo o que vi e ainda verei, do que senti e ainda sentirei, do que cheirei e dos aromas que ainda hei-de conhecer, dos afectos que criei e dos que ainda me falta conhecer, um espaço de libertação e vivência plena e serena após as agruras, as lágrimas, as emoções, as gargalhadas, tudo o que é espuma dos dias e mais do que isso.

Este é, definitivamente, «o local». É o meu Shangri-la, o local mais parecido com o paraíso na terra descrito nessa obra literária, de James Hilton, em 1925. Aqui o meu himalaia também existe e exibe uma respeitosa forma corcunda, que me leva a redobrar o respeito pela provecta idade que possui, há milhares ou milhões de anos aqui imponente, a marcar a paisagem.

Oiço o coaxar das rãs, o chilrear de pássaros ao longe, alguns bichos que cantam algo semelhante a um grilar; o calor suave e ameno deste princípio de Setembro que convida à reflexão intimista. Agora, sobrepõe-se aos demais sons a piadeira de um passarinho que, provavelmente, ainda não sabe voar e está no seu ninho aguardando pela comida que lhe será trazida pela mãe. Estará desprotegido, vulnerával, mas confiante na chegada de quem lhe dá guarida e reforce o sentimento de não estar sozinho no Mundo.

Olho para o lado e vejo o balde cheio de uvas e pêssegos que colhi. Já fui ver os medronheiros e vi como estão carregados de frutos, ainda não maduros. As oliveiras também levam boa carga. Na altura certa virei apanhar ambos os espécimes e das azeitonas sairá azeite que, espero, dê para um ano de consumo em casa. É o meu ouro líquido.

Penso que no próximo ano já terei ameixas e cerejas e amoras e nêsperas. Tenho de decidir o que farei com as laranjeiras que aqui não se dão bem. Talvez aposte em mais cerejeiras e, quem sabe, numa nogueira. Tentei plantar, já por duas vezes, um castanheiro mas, de ambas as situações, houve morte prematura.

Experimento ligar a net. Para minha surpresa, funciona.

A rede é fraca mas consigo. O local é ainda mais perfeito. Isolado do mundo mas à distância de um clique de qualquer lugar. Longe e perto; perto e longe.

Decido desligar a net. Quero preservar alguma ruralidade do momento e volto a escrever. São quase horas de ir de regresso a casa. Espero voltar em breve aqui ao paraíso na terra. Este ano foram poucas as viagens e este recanto, por motivos de falta de saúde familiar. Melhores dias virão, tenho esperança. E, aqui, virão sempre dias melhores porque este é o melhor espaço que conheço e onde mais espero vir a ser, serenamente, feliz.

Aqui, neste local onde espero que as árvores e os animais que ainda não tenho me devolvam a essência da dimensão telúrica da humanidade.

Aqui onde já sou feliz e onde me volatilizo com a natureza.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

#028 TVI

A decisão de retirar Manuela Moura Guedes dos écrãs será assim tão simples e linear como a colocam?
Penso que não. Creio que José Sócrates não se conseguirá desvincluar de uma leitura mundana de relação causa-efeito. Para o português médio, a coisa não é facilmente explicável.
Creio que o país fica mais pobre porque, de vez em quando, Manuela Moura Guedes tinha programas com muita audiência, fosse em directo, fosse depois através do Youtube. Quem não se recorda da sua discussão com Marinho Pinto? Hilariante...
Pela minha parte, que não vejo a TVI, não me faz grande falta. Agradeço mesmo que Manuela Moura Guedes seja retirada e que, no seu lugar, possam colocar uma carinha bonita... como ela também foi, nos idos de 80.
Porém, estão por explicar as interconectividades que conduziram a esta insólita decisão, ainda por cima no momento político de efeverescência eleitoral que estamos a viver.

#027 Radiografia

Foi com orgulho e honra que recebi o convite que a Antena Livre me endereçou para me juntar ao grupo de comentadores residentes do seu programa semanal "Radiografia".
É claro que me questionei: porquê eu?
Concluí que estas questões de ser ex-qualquer coisa têm vantagens.
O facto de eu estar fora da actividade política mais intensa, de ter auto-suspendido a minha participação cívica, que de conduz ao estado de adormecimento na militância activa, associado à convicção que tenho de, sem imodéstia nem vaidade, me sentir esclarecido e lúcido na leitura de acontecimentos na comunidade a que pertenço, terão sido motivos para que o Jerónimo Jorge me dirigisse um convite.
Aceitei e assumi esse compromisso, ao longo de algumas quartas-feiras que já se iniciaram há dois dias, em São Lourenço. Lá chegarão os dias frios e chuvosos em que não será muito agradável sair de casa para esta colaboração (por razões exclusivas de comodismo), mas o compromisso foi aceite e fico honrado com a escolha, esperando poder contribuir para, com serenidade, bom senso e fidelidade às percepções que o mundo exterior me suscita, ir dando sinais daquilo que é o meu universo de preocupações e leituras.
Gostei da primeira participação. Gostei muito. Senti-me à vontade e procurei não ser incontido. Tenho sempre o problema de parecer altivo, arrogante, distante nas primeiras abordagens que faço a situações e pessoas.
Sei, porque me conheço, que dou a imagem de pretender saber muito de coisa nenhuma sabendo. afinal, porventura, nada de quase tudo. Mas procuro cultivar-me e aprender de modo contínuo.
Hoje corre atrás de outros motivos de realização pessoal e profissional.
Mas, tal como ontem, sei que é na comunicação e partilha de experiências em rede que se faz e constrói o saber acumulado.
No final, cá estarei eu e outros, melhor que eu, para fazerem a radiografia à participação dos vários elementos neste "Radiografia", cujo regresso saúdo.
Vamos ter já muito que fazer, após as entrevistas aos candidatos a autarcas de Abrantes. Vai ser uma tarefa difícil ajuizar as prestações de cada partido/candidatura e de cada candidato. E ingrato, tendo eu sido candidato por duas vezes, em 2001 e em 2005.
Vou tentar ser isento e, acima de tudo, serei honesto e recto na forma como irei expressar aquilo que é a minha percepção - uma vez mais, é disso que se trata - sobre as sensações que me são provocadas pelo suave nagevar (ou não!) nas ondas das campanhas.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

#026 Fragmentos

Episódios soltos, fragmentos de ideias, despojos de situações...
...é o que me ocorre.
- As listas de candidatos a deputados pelo PSD, com o "linchamento" de alguns e a promoção de outros que não merecem nada.
- Lisboa antiga ao Sábado de manhã, favorável ao passeio, ao usufruto do espaço e à visita a museus.
- A visita ao Convento de Mafra e ao passado que o mesmo representa.

- A visita à colecção Berardo e à exposição de Pancho Guedes no CCB.
- A visita ao Museu Nacional de Arte Antiga.
- As idas à praia, em família, para estar simplesmente, sem pensar em nada, a não ser no existir, reexistir, insistir e persistir seguindo um caminho.
- As consultas aos e-mails que tenho de fazer, mesmo em férias, para preparar a operação "Pandemia de Gripe A", depois de olhar com calma para os cenários existentes e para a curva prevista de Gauss.
- O estar em família, porque isso é mesmo bom e faz falta.
- As interrupções às férias para que o trabalho não se queixe da minha ausência.
- A comida saudável.
- Os livros que trouxe e sempre leio mais depressa.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

#025

Falta-me inspiração para o título deste post. Por isso, fica apenas o seu número de série sequencial. Porque é que tudo tem de ter um título, um nome, um rótulo? Não seria tudo mais simples se as coisas fossem lineares, leves e lógicas (um triplo L)?
O mundo está sem sentido e só faz sentido pensar e desejar ter um mundo com sentido. Há pouco li um blog de um amigo, o qual me fez parar um pouco para pensar.
A forma de ele escrever, sentida e pungente, é atrevida, irrequieta e, ao mesmo tempo, inquietante. Passa do ofegante ao sereno em pouco tempo, vai do caos à ordem num ápice e faz-me pensar que é neste jogo de luzes difusas e de contrastes que conseguimos identificar os nossos sentimentos e reconhecemos os nossos afectos.
Este jogo de busca pela paz interior, do equilíbrio emocional, da luz serena mas constante, é uma odisseia, por vezes quimérica que quase todos - atrever-me-ia a dizer mesmo todos - empreendemos diariamente.
Por vezes precisamos de estar apenas quietos e em silêncio. Noutras vezes em choque e em arrelia permanente. A paz interior e o equilíbrio emocional podem ser-nos revelados num beijo, num abraço, numa frase, numa música, num silêncio, numa brisa, num murmúrio, num sorriso, numa flor, num pássaro, numa paisagem, numa gargalhada, numa lágrima perdida num choro lânguido, num gemido de dor ou de prazer ou mesmo num grito de revolta e clamor pela serenidade. Tanto vaz.
Por vezes tudo isso provém do nada, da simples dimensão telúrica de uma existência que se identifica com a natureza, num ribeiro cuja água corre veloz sem parar, numa árvore cujos ramos pendem graciosamente sobre o vale, numa colina onde a vegetação seca pelo calor do verão ondula ao sabor da brisa quente do final de tarde.
Cada um de nós tem - melhor, procura ter! - o seu Shangri-La, essa singular criação literária de James Hilton, no seu «Horizonte Perdido», o tal lugar que se confunde com o paraíso na Terra, em terras dos Himalaias, onde o tempo fica em suspenso num clima de êxtase, felicidade, saúde e prosperidade, onde todos os seres coexistem em perfeita harmonia, sem invejas, ciúmes ou querelas.
É esta promessa de um «mundo novo» que nos move, nesta terra que, também ela, se move, como disse, e bem, Galileu: «Et pur si mueve!».
O meu Shangri-La, imagino-o no Codes. E é lá que espero (re)encontrar, um dia, a minha paz, a minha serenidade, talvez mesmo a domesticação do animal selvagem que sinto habitar, por vezes, dentro de mim.

domingo, 31 de maio de 2009

#024 Claro como água?

Como ser claro e não ser enigmático? Mas, também, ser claro porquê, para quê e para quem? A quem queremos agradar quando desejarmos ser claros (mesmo que não o desejemos na totalidade, em última instância)?
Não andamos sempre com o mesmo humor.
Nem sempre a vida nos sorri ou corre bem. Às vezes lá calha mas são tantos os perigos, riscos, dissabores, desencantos, desilusões, entre outros fenómenos de carga negativa, que nem sabemos por onde começar.
Não gostamos de nós mesmos todos os dias. Todos temos coisas em que gostaríamos de mudar. Uns pensam e agem. Outros escrevem as sugestões de melhoria e procuram iniciar um caminho de auto-redescoberta e auto-realinhamento. Outros fazem de conta que não se percebem a sim mesmos e continuam na vida, ao seu ritmo, indeferentes sobre os outros, ignorando se são amadaos, tolerados ou odiados.
Depois de feita uma coisa, não podemos apagar o passado. Depois de ditas as palavras não as podemos remover. Podemos corrigir, podemos emendar, podemos pedir perdão, se esse pedido for genuinamente sentido. Ou podemos continuar na mesma, ou mudar de vida, seguir outro rumo, encontrar outros pontos de equilíbrio.
A decisão nunca é fácil. Nenhum processo de decisão que envolve opções sobre valores essenciais da nossa vida é fácil.
Mudar de partido político, mudar de clube, mudar de cidade, mudar de emprego, mudar de companheiro(a), mudar opções, mudar atitudes. Tudo implica assumir riscos, tudo implica passar a lidar com o mais ou menos desconhecido.
Que boa que é a sensação de serenidade, de nada ter de especial para decidir, de fazer contas aos dias sem dificuldades de maior.
Esse é o mundo ideal. Não é o mundo possível nem o mundo real, em que hoje vivemos e onde o risco, todos os riscos, são determinantes para nos traçarem a felicidade e a qualidade de vida no futuro.

terça-feira, 26 de maio de 2009

#023 (Re)encontra-te

Quando estamos tristes, sabemos que os amigos, os verdadeiros amigos, estarão aqui, ao nosso lado.
Quando estamos doentes, sabemos que os amigos, os verdadeiros amigos, estimarão mesmo as nossas melhoras.
Quando a vida não nos sorri, sabemos que os amigos, os verdadeiros amigos, se preocupamrãocom o nosso bem estar.
Quando nos encontramos, quando nos (re)encontramos, sabemos que os amigos, os verdadeiros amigos, esses ficarão contentes, por vezes ardentemente contentes.
Os dias são todos diferentes e, contudo, não poderiam ser mais iguais uns aos outros.
Com a vertigem da vida quotidiana, quem tem tempo para ser igualitário e promover a dita igualdade, corrigindo os defeitos da desigualdade que pulula, latente e activa, nas vidas de toda a gente?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

#022 Estou bem, obrigado.

Depois da tempestade costuma vir, diz o ditado, a bonança.
Depois de uma fase de maior introspecção pode surgir, assim, uma fase mais extrovertida, mais comunicativa, mais positiva, mais esperançosa.
Por vezes sabe bem fugir das rotinas para nos (re)encontrarmos. Nem sempre isso é fácil. Mas, noutras vezes, está ali tudo, mesmo à mão de semear, ou de colher o que antes já havia sido semeado.
Estou bem, obrigado.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

#021 Não me largas. Vai-te.

Fecho os olhos e tento ver-te. Tento sentir na ponta dos dedos os contornos do teu rosto. Por mais que tente não consigo tocar-te. Vejo-te mas não tens forma tridimensional.
Não te sinto e, no entanto, estás ali. Desejo não te querer mas não tenho como te evitar. Resigno-me, abro os olhos, espreito para o lado e ali estás tu.
Tu... Tu mesmo, ser que não existes mas que teimas em me perseguir.
Sinto que me odeias, que me queres fazer mal, que não dormes nem te deitas, tu que não te emocionas com uma aurora de Primavera, tu que não vertes uma lágrima nem quando uma criança inocente sofre nas mãos se um qualquer adulto cruel.
Tu só queres que eu sofra, que eu seja infeliz, que eu seja miserável. Tu que não me largas.
Mas eu...
...eu sou como Fénix, que renasce das próprias cinzas. Posso não saber andar bem mas vou-me equilibrando, posso não conhecer o caminho mas sei tactear e encontrarei o Norte.
A mim - garanto - não vais conseguir derrotar, não vais conseguir vergar ante o peso da tua força bruta, silenciosa mas esmagadora.
És cruel, és feio por fora e cinzento por dentro.
Há quanto tempo não te emocionas com uma gota de orvalho que escorre numa qualquer folha de árvore que rebenta numa daquelas árvores da colina junto da ribeira?
Há quanto tempo perdeste toda a capacidade de rires de ti mesmo, das tuas pequenas asneiras e fraquezas, ou mesmo de mim, já que não me largas nem por um minuto e sabes tudo de mim?
Há quanto tempo não ouves delcamar um poema?
Há quanto tempo não jogas ao pião?
Há quanto tempo não sujas os calções com as traquinices que são normais aos meninos da nossa rua?
Conheço-te desde que nasci. Sempre andaste a meu lado. Sempre. E nunca, nunca, te vi fazer nada disso.
Mas agora não te quero mais junto de mim.
Como hei-de mandar-te embora? Ou terei de aceitar que nunca me deixarás.
Se ao menos falasses comigo e me compreendesses, se fosses tolerante, paciente e bom ouvinte.
Mas não! Tu és amorfo, simplesmente existes e esse teu silêncio é uma manobra obscura para dares comigo em louco.
Não hás-de conseguir.
Vai-te embora. Vai. Para sempre. Afasta-te de mim, sombra minha que me assustas.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

#020 Recomeço

Em todos os momentos da nossa vida há um tempo para recomeçar.
Recomeçar a escrita de um livro, recomeçar um projecto profissional, recomeçar um projecto familiar, recomeçar um projecto de vida...
Recomeçar!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

#019 Paraíso


Paraíso é um conceito, não um lugar. Mas pode ser um lugar, se este estiver de acordo com o conceito.
Eu conheço um lugar assim. O 'meu' Codes, na ribeira com o mesmo nome.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

#018 Conectividades difusas

A vida vai seguindo o seu percurso e, sempre que páro para pensar, constato que o tempo que foi já não é e que a cada segundo, a cada fracção desse tempo, ele é mais escasso, menos abundante para a minha vida.
De pouco vale, assim, alimentar inimizades, sustentar querelas, abastecer situações de afastamento por castigo sobre quem, no passado, alguma vez me causou dor e sofrimento.
Jamais esquecerei o bom e o mau que vivi mas já não vivo para cobrar nem para ajustar contas com ninguém.
Continuo, porém, fiel ao modo como sempre me conheci: emotivo, por vezes fleumático, outras vezes romântico, outras ainda mais racional, intuitivo, cognitivo, cerebral até.
Já não levo tão a peito que as pessoas se revelem como são: frágeis, por vezes fúteis, trocando valores e convicções como se artigos de mercearia ou commodities cotadas em Chicago se tratasse.
Quem esteve próximo de mim pode partir para longe? Pode.
Quem esteve longe de mim pode sentir-se agora mais perto? Pode.
E entre essas pessoas, pode haver distância e proximidade? Pode.
Não é, pois, verdade que amigos dos meus amigos, meus amigos são. Nem é verdade que os meus adversários sejam adversários dos meus amigos.
A vida é assim mesmo: uma complexa teia de relações humanas, sustentadas em afectos voláteis, raramente consolidados e nunca perpétuos.
E a minha vida profissional vai indo.
E a saída da função de vereador da Câmara Municipal de Abrantes fez-se em silêncio, como eu queria.
E a preparação de eleições coloca os partidos e os movimentos independentes de cidadãos em movimento.
E mesmo por aí já não quero coleccionar inimizades por trocas de afectos.
Já tive a minha dose de desilusão em 2005. E porque agora me iludo menos acredito que não ficarei desiludido com nada nem com ninguém. Nas autárquicas, nas legislativas, nas europeias, agora e depois de agora. Sim, porque antevejo mudanças sociais em Portugal depois deste ano de 2009.

sexta-feira, 20 de março de 2009

#017 Uma mudança necessária

Na passada terça-feira apresentei o pedido de suspensão de mandato como vereador eleito na Câmara Municipal de Abrantes.
Optei por fazê-lo em silêncio, sem anúncios à imprensa, sem barulho, sem mediatismos.
Foi uma decisão ponderada, muito amadurecida.
Entre 1997 e 2001, não era autarca eleito mas passei muitas sessões sentado no público, a assistir, quase como se fosse vereador. Sobretudo a partir de 1998, quando liderei, pela primeira vez, o PSD de Abrantes.
Depois, fiz todo o mandato entre 2001 e 2005 e entre 2005 e o passado dia 17.
Não renunciei - suspendi. Não sei, contudo, se regresso. Estou a iniciar funções num novo desafio profissional. Passo muito tempo fora, em reuniões, em trabalho de acompanhamento e lançamento do novo modelo de reconfiguração dos cuidados de saúde primários, tenho necessidade de andar muito focalizado neste desafio, tão exigente como estimulante.
Por isso, sinto-me diminuído nas minhas capacidades de estar em contacto com a população que me elegeu, de acompanhar a actividade quotidiana, de me concentrar nos dossiers em agenda, de preparar votações e declarações de voto, de ser uma presença física e psíquica nos assuntos do Município de Abrantes.
Continuo atento e a querer o melhor para Abrantes.
Continuo atento e a preocupar-me com o futuro de Abrantes.
Continuo atento e a dar o meu contributo para que Abrantes possa ser um concelho mais próspero, mas atractivo para nele podermos viver, liderante, inclusivo, dinâmico e sustentável.
O modelo que defendi não é o modelo que impera. Continuo a acreditar nas virtualidades do modelo que defendi. Continuo a achar que é mais válido para o concelho, apesar de os eleitores terem tomado outra opção.
Continuarei a acompanhar a vida política de Abrantes.
Mas para já, impunha-se esta mudança que traduz, ainda, o regresso ao basismo militante de quem não ocupa qualquer cargo ou função na estrutura do PSD.
Se me perguntassem, apenas há 5 anos, se conseguiria viver longe do bafio das paredes das sedes partidárias, longe dos corredores de conversas paralelas e da vida singela que é a dos partidos, provavelmente, diria que não, que no meu sangue corria vontade de estar ligado à política.
Hoje, não sinto nada disso. Nem sinto vazio, nem nostalgia, nem rancor. Sinto desprendimento. Afinal, acho que a escola da JSD teve em mim um efeito positivo: explicou-me que nada é, nem pode ser, eterno. E que devemos saber aceitar o nosso destino e estar bem com a nossa consciência.
E porque nada é eterno também poderá ser verdade que a minha distância face ao mundo activo da política também seja, afinal, ela própria, efémera.
Quem sabe? Ninguém, nem eu.
Até já!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

#016 Carta esquisita

Recebi um ficheiro contendo uma carta, alegadamente verídica, através da qual um sujeito requer ao Ministro da Defesa a sua não incorporação no serviço militar.
Pode não ser verdadeira mas é tão espirituosa que resolvi aqui efectuar a sua publicação:
«Exmo Sr. Ministro da Defesa,
Venho deste modo explicar-lhe uma situação delicada que tem vindo a ocorrer, de maneira a poder obter um eventual apoio vindo de Vossa Exa;
Tenho 24 anos, e fui esta semana chamado para ir à tropa. Sou casado com uma viúva de 44 anos, mãe de uma jovem de 25 anos, da qual sou padrasto. O meu pai, por seu lado, casou-se com essa jovem em questão.
Neste momento, o meu pai passou a ser o meu genro, uma vez que se casou com a minha filha.
Deste modo, a minha filha, ou chamemos-lhe, enteada, passou a ser a minha madrasta, uma vez que é casada com o meu pai.
A minha esposa e eu tivemos, no mês passado, um filho.
Esse filho tomou-se o irmão da mulher do meu pai, portanto o cunhado do meu pai.
O que faz com que seja o meu tio, uma vez que é o irmão da minha madrasta.
O meu filho é, portanto, o meu tio...
A mulher do meu pai teve no Natal um rapaz, que é ao mesmo tempo o meu irmão, uma vez que ele é filho do meu pai, mas o meu neto por ser o filho da minha enteada, filha da minha esposa.
- Desta maneira sou o irmão do meu neto!
E como o marido da mãe de;uma pessoa é o pai da mesma, verifiquei que sou o pai da minha esposa, e o irmão do meu filho.
Resumindo: sou o meu avô!!!
Deste modo, Sr Ministro, peço-lhe que estude pacientemente o meu Caso, porque a lei não permite que o pai, o filho, e o neto sejam chamados à tropa na mesma altura.
Agradecendo antecipadamente a sua atenção, mando-lhe os meu melhores cumprimentos».

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

#015 O Estranho Caso de Benjamin Button

A ver, sem falta nenhuma. Há muito, muito tempo que um filme não me 'tocava' como este conseguiu.

Uma história de amor, sentimentos, profundidade de argumento, de actores, de talento, uma história arrebatadora.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

#014 Revolutionary Road

Ontem fui ao cinema com a minha família.
Leonardo DiCaprio e Kate Winslet num bom desempenho, num filme profundo sobre temas relevantes ainda hoje, não apenas nos anos 50: a descoberta de nós mesmos, da nossa vocação, do nosso papel no mundo, da teia complexa de relações humanas.
Recomendo. Embora não tenha atingido a excelência, é um bom filme.

#013 Michael Bublé

Comprei também há dias Michael Bublé.
A minha preferida é o LOST.
Aqui fica. Oiçam bem alto. Vale a pena.

#012 Josh Groban

Descobri este músico que vendeu mais de 25 milhões de CD's em 2008.
Por cá é ainda desconhecido mas nos Estados Unidos é muito famoso.
You Raise me Up é um estrondo!
Quem é Josh Groban?
Josh Groban é um cantor Norte Americano, autor do single You Are Loved (Dont Give Up) e considerado dos cantores mais expressivos dos EUA.
O site dele pode ser obtido AQUI.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

#011 Fora de Tudo

Uma das coisas melhores que podemos ter quando estamos mais afastados da vida político-partidária é que estamos mais afastados da vida político-partidária!
É verdade.
Não sou diferente, porventura, dos outros mas consegui mesmo estar de uma forma mais distante e mais serena face ao enquadramento dos partidos políticos.
Nos últimos dias algumas pessoas me têm abordado na rua perguntando-me se eu sou novamente candidato à câmara de Abrantes.
Logicamente respondo que não. Mas algumas pessoas ficam a olhar para mim como a perguntarem a si mesmas: «então mas tu agora é que devias aproveitar, o Nelson não concorre, tens mais hipóteses». Algumas pessoas verbalizam mesmo isso.
Compreendo-as e aceito as observações.
Mas a vida é mesmo assim. A minha decisão de não concorrer foi tomada na noite das eleições de 2005. E assumi compromissos com base nisso. Poucas pessoas saberão que recusei uma excepcional oportunidade profissional, em Maio de 2005, porque tinha um compromisso assumido com o meu partido e com os eleitores - a campanha estava em marcha e não me foi possível desistir para aceitar aquela que terá sido, até hoje, uma das mais aliciantes e desafiadores oportunidades profissionais, em contexto multinacional.
Acresce que nunca passei da fasquia dos 30% em Abrantes.
Acresce que considero que os eleitores são sempre lúcidos no momento da escolha. Um pouco mentirosos, é certo, mas lúcidos na hora de votar. Era bom que fossem mais honestos quando nos abordam ou são abordados nas campanhas. A julgar pelas palavras simpáticas e palmadinhas nas costas, todos os candidatos, sem excepção, poderão ambicionar um resultado acima do que, na prática, se vem a verificar. O povo mente, os políticos mentem, toda a gente mente a toda a gente. É esta a essência da política nos dias de hoje.
É, também, por isso que decidi afastar-me. A política é um jogo difícil de equilíbrios e acordos tácitos muito pouco perenes.
Acompanho, contudo, a política local, regional e nacional. Não estou desatento. Mas não vou andar por aí. Não vou ficar à espreita. Vou fazer o meu caminho. Não significa isso que me seja indiferente. Não é.
A política em Abrantes vai aquecer nos próximos meses, acredito eu. Será - como sempre - da forma que os eleitores decidem.
Decidem sempre bem? Como disse, quero acreditar que sim. Pelo menos, decide sempre uma maioria. O que não significa que quem perde não tenha razões ou a maioria de razão do seu lado. Na hora de votar a componente afectiva conta, a fidelização partidária e/ou ideológica (quando esta existe) conta também, a tradição conta. Tudo isso conta. E melhor aproveita quem saiba navegar nessas águas e aproveitar os ventos favoráveis, colocando-se a jeito. Há pessoas com sorte, há pessoas com talento. Desse modo poderemos ter pessoas com sorte e com talento, pessoas com sorte e sem talento, pessoas sem sorte mas com talento e pessoas sem sorte nem talento.
Olhem para o panorama dos candidatos anunciados e façam o pequeno exercício de ver em que perfil se encaixa cada um deles.
Eu já o fiz. E fartei-me de rir, juro.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

#010 Para que serve um telemóvel?

O que vou contar de seguida já não é novidade absoluta. Mas é interessante e pode ser útil.
Vou transcrever como recebi:
«Há algumas coisas que se podem fazer em situações de emergência e o telemóvel pode, na verdade, ser um salva-vidas ou uma ferramenta de sobrevivência. Tomem atenção as estas coisas que se podem fazer com ele:
PRIMEIRO: Emergências
O número internacional das emergências para o telemóvel é o 112. Se nos encontrarmos sem rede numa situação de emergência, devemos ligar o 112 e o telemóvel vai procurar qualquer rede que se encontre disponível para se ligar ao 112. E o mais engraçado é que esse número pode ser marcado mesmo se o telemóvel estiver bloqueado.
SEGUNDO: Trancou as chaves dentro do carro?
Se o seu carro tiver um comando de abertura de portas, talvez isto lhe possa ser útil um dia. Aqui está uma óptima razão para se ter um telemóvel. Se trancou o carro com as chaves lá dentro e tem outro comando do carro em casa, ligue para o telemóvel duma pessoa que se encontre em casa, afaste-se cerca de meio metro da porta do carro e peça à pessoa a quem telefonou para carregar no comando no botão de abrir a porta do carro, mantendo-o próximo do telemóvel no lado de lá. O seu carro abrir-se-á e assim poupar-lhe-á uma viagem até casa para buscar outro comando. Neste caso a distância a que se encontra da pessoa a quem telefonou a pedir ajuda não é problema - pode até estar a centenas de quilómetros de distância.
TERCEIRO: Bateria escondida
Imagine que a bateria do seu telemóvel está em baixo. Para a carregar numa situação emergente, digite *3370# e o telemóvel carregar-se-á com uma reserva que se encontra oculta e mostrará um aumento em 50% de carga disponível. Esta reserva recarregar-se-á automaticamente na próxima vez que ligar o telefone à corrente para o voltar a carregar e gerará nova reserva oculta de bateria, disponível novamente para outra emergência.
QUARTO: Como desactivar um telemóvel roubado?
Para obter o número de série do seu telemóvel digite * # 0 6 #. Um código de 15 números aparecerá no ecran, sendo único para cada telemóvel. Anote este número e guarde-o num sítio seguro. Na eventualidade de o seu telemóvel ser roubado pode ligar para o seu operador (Vodafone, TMN, Optimus), dar este código e pedir que lhe bloqueiem o telemóvel. Este ficará sem utilidade nenhuma mesmo se o ladrão tiver mudado o cartão SIM. Provavelmente não recuperará nunc o telemóvel roubado mas fica, pelo menos, a saber que quem quer que o tenha não poderá utilizar ou vender.»

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

#008 A Visão e o caso Freeport com José Sócrates

Palpita-me que a coisa vai estoirar.
A Visão de amanhã promete. Eis o que já está disponível na versão online daquela revista:
«Polícia inglesa suspeita de José Sócrates
A polícia inglesa considera que José Sócrates é suspeito de ter «solicitado, recebido, ou facilitado pagamentos» no âmbito do licenciamento do Freeport. Conheça os detalhes de um processo escaldante na VISÃO desta semana.
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O pequeno envelope continha uma grande bomba. No passado dia 19 de Janeiro, chegou a um gabinete do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), na Avenida Alexandre Herculano, em Lisboa, uma carta rogatória enviada pela polícia inglesa. Nesse documento, diz-se, explicitamente, que o primeiro-ministro José Sócrates é suspeito de ter «solicitado, recebido ou facilitado pagamentos» no âmbito do processo relativo ao licenciamento do empreendimento Freeport, em Alcochete.

A carta foi enviada pelo Serious Fraud Office – a unidade da Justiça inglesa que averigua o crime económico mais complexo e que, desde 2007, investiga alegados desvios de dinheiro relacionados com a aprovação da construção daquele outlet. Os investigadores também apontam o dedo a Manuel Pedro e Charles Smith – consultores contratados pela Freeport PLC para ajudarem a concretizar as diligências conducentes ao licenciamento do projecto – e, ainda, a quatro responsáveis ingleses ligados à empresa promotora, e a dois outros portugueses envolvidos na operação, que a VISÃO apurou tratar-se de um outro funcionário da Smith&Pedro e de um técnico de uma organização da área do Ambiente. No que respeita a todos estes protagonistas, a polícia inglesa diz ter «motivos razoáveis» para acreditar em «alegações de suborno e de corrupção», prática que, remata a carta, entra «em contravenção com as leis de Inglaterra e do País de Gales». Contactado pela VISÃO, o gabinete do primeiro-ministro escusou-se a comentar a existência desta carta, que ficará para sempre anexa ao processo. O que demonstra um desejo claro, da parte da polícia britânica, de que as suas suspeitas fiquem devidamente registadas nos autos que já levam 12 volumes e mais de cem apensos.

Os magistrados que leram o documento, e que conduzem a investigação desde Setembro de 2008, ficaram estupefactos com a informação chegada de terras de Sua Majestade. Esta não era a primeira vez que as autoridades inglesas implicavam José Sócrates. A 17 de Novembro, Cândida Almeida, directora do DCIAP, viajou para Haia, acompanhada por Pedro do Carmo, subdirector da Polícia Judiciária (PJ) e Moreira da Silva, responsável pela unidade da PJ que investiga o crime económico. À sua espera estavam alguns elementos da polícia inglesa para uma reunião com vista a concertar estratégias relativamente ao caso do outlet.

Foi nesta altura que as autoridades portuguesas foram confrontadas com o teor de um DVD, que contém um registo áudio de uma conversa entre um administrador da Freeport e o intermediário Charles Smith. Nesse diálogo, Smith terá confessado pagamentos corruptos, durante a fase de licenciamento do empreendimento, em 2002, tendo o nome de José Sócrates – que, na altura, era ministro do Ambiente – sido mencionado. Cândida Almeida torceu de imediato o nariz perante esta exposição, alegando que, à luz da lei portuguesa, aquele material nunca seria admitido no processo. Para isso, a gravação da conversa deveria ter sido autorizada por um juiz. A directora do DCIAP recusou, também, a criação de uma equipa mista, com o propósito de investigar a conduta do primeiro-ministro português. Indignada, terá mesmo afirmado que jamais admitiria a interferência de uma polícia estrangeira numa investigação a um chefe de Governo.»


#007 Pedro Lomba e o Freeport

Confesso que aprecio muitos dos artigos escritos por Pedro Lomba. Acho que escreve bem, pensa bem e tem lucidez, qualidade que, infelizmente, vai rareando
O seu artigo de opinião de hoje no Diário Económico é muito bom.
Por ser assim, vou transcrevê-lo na integra. Vale o que vale. Mas é um bom exercício de reflexão:

Um Governo que ainda não sabe se sai ou fica, limitado nos seus poderes, não pode praticar este género de actos. No entanto, o mesmo Governo achou que mexer na área daquela zona protegida era uma decisão necessária e inadiável e foi o que aconteceu a três dias das eleições. Esta é talvez a primeira e principal interrogação, ainda não esclarecida, que o caso Freeport suscita: como explicar tanta urgência em mudar a delimitação da ZPE?

Se a mudança nada teve ver com o Freeport, teve a ver com o quê?

O licenciamento do Freeport era, tanto quanto se sabe, um projecto polémico que já tinha sido "chumbado", mais que uma vez, por motivos ambientais. Os promotores andavam agastados com a situação. Porém, no início de 2002 o processo de avaliação do impacto ambiental correu com surpreendente celeridade. O Freeport acabou por receber a declaração de impacto ambiental num prazo curto de 20 dias. Foi como se, de repente, tivessem começado as facilidades. Eis outra pergunta que naturalmente surge: o que é que mudou de substantivo no projecto para, num dia a sua "conformidade" ambiental ser impossível e, noutro, a sua resolução adquirir uma expedita simplicidade?

A terceira fonte de perplexidades está na reunião de que se fala entre José Sócrates e os promotores do Freeport, reunião que o primeiro-ministro começou por negar ter existido para admitir, dias depois, que afinal existiu. Para começar, suponho que vi duas vezes José Sócrates com lapsos de memória. A primeira durante o caso da sua licenciatura: havia muita coisa sobre a sua relação com o ex-professor António José Morais de que Sócrates não se lembrava. A segunda, agora, nas primeiras intervenções públicas que fez sobre o Freeport. Sempre que vai ao Parlamento ou à televisão, o primeiro-ministro nunca se esquece de um número ou de uma estatística. Nas explicações que já deu sobre o Freeport, Sócrates repete várias vezes que "não se lembra" sobre como decorreram os contactos com as pessoas do Freeport e nada adianta sobre o papel do tio no processo.

Quantos licenciamentos iguais ao Freeport passam pelas mãos de um ministro do Ambiente? Como é óbvio, o primeiro-ministro tem de fazer muito mais do que dizer que não se lembra do que sucedeu na reunião com os promotores do Freeport, sobre o que foi discutido e analisado, de quem esteve presente e de tudo o que dali saiu de tangível em benefício do próprio projecto. Politicamente José Sócrates precisa de se explicar. A ambiguidade com que o primeiro-ministro abordou até agora o assunto joga contra ele.»

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

#006 David Ferreira


Hoje ia a chegar a Lisboa e sintonizei o rádio na estação Marginal. Uma agradável surpresa. Ofereceram-me algo 'novo'. Chamo a vossa atenção para um novo talento do Jazz português: David Ferreira. Visitem-no aqui ou aqui e oiçam duas das suas músicas: "Comes Love" e "This Can't Be Love".
David Ferreira tem uma reflexão escrita que diz assim: "O Segredo não é correr atrás das borboletas...mas sim cuidar do Jardim, para que elas venham até ti...".
Boa reflexão, boa sorte.
Gostava de poder ir assistir ao concerto na próxima 4ª feira à noite, na Fábrica de Braço de Prata.

#005 E agora?

A vida em sociedade é complexa. Vivemos num novo paradigma: o da sociedade subjugada à Teoria da Complexidade.
Segundo Maria João Centeno (Documento Instabilidade versus Complexidade na Mudança, disponível aqui), a Complexidade "vem retirar o carácter consciente e racional às decisões tomadas pelas partes envolvidas na relação".
Trata-se de um notável e lúcido artigo de reflexão, pelo que recomendo a sua leitura atenta. Na formação que estou a frequentar para as funções cujo desempenho estou a iniciar falou-se já, por diversas vezes, da Teoria da Complexidade, do Caos Organizacional, dos novos paradigmas das mudanças organizacionais em contexto de incerteza e globalização.
As mudanças organizacionais são sempre um enigma. E um desafio. Há uma relação estabelecida entre as organizações e os seus públicos. Mais ou menos profunda mas há - tem de haver! - uma relação entre organizações (empresas, instituições, governo, partidos políticos, religiões, etc) e os seus públicos.
Quando a organização comunica abertamente com os seus públicos e estabelece com eles uma relação dita democrática abre terreno ao debate e à discórdia, por um lado, e procura estabelecer consensos, por outro.
É aqui que entram os agentes facilitadores da comunicação com os públicos. O papel de um bom comunicador organizacional é procurar criar uma imagem de organização socialmente responsável perante a comunidade.
Nos partidos políticos também é assim. Os partidos mudam de lideranças, de protagonistas e, quando assim é, queiram ou não queiram, abre-se um espaço de discussão, de discórdia e de busca de consensos, ao mesmo tempo que os melhores comunicadores tentam desmistificar a sua organização, exibir a sua democraticidade e 'vender' uma imagem de responsabilidade social corporativa.
Os consensos nem sempre são possíveis e as partes ditas não-vencedoras tenderão sempre a dizer que, afinal, o jogo não foi limpo, transparente e democrático.
É aqui que entra a Teoria da Complexidade.
Segundo a autora já citada, e repetindo o atrás escrito, a Complexidade "vem retirar o carácter consciente e racional às decisões tomadas pelas partes envolvidas na relação".
Meditemos um pouco.
As partes envolvidas na relação tendem a adaptar-se às situações criadas. Uns assumem o conforto, outros o desconforto. E agem, reagem e interagem. Muitas vezes tende a gerar-se o equilíbrio entre as partes; mas nem sempre isso sucede. Por isso, tende a haver um equilíbrio quase homeostático entre cada uma das partes e o meio adaptativo no qual se insere.
Diz ainda Maria João Centeno, no mesmo artigo, que "o ritmo vertiginoso da mudança é cada vez mais difícil de controlar, até porque as pessoas formam e saiem dos grupos consoante as necessidades sentidas num preciso momento".
Diz ainda que "as pessoas não estão inclinadas a manter relações permanentes com um grupo. Tendem, isso sim, a criar relações curtas com um número de grupos que se identificam naquele momento com as suas preocupações".
Mas aquela pensadora alerta para uma realidade muito actual, que desejo aqui sublinhar: "A máxima de que a organização tem quase sempre mais poder do que os públicos está definitivamente posta em causa. Definir público como um grupo de pessoas que tem um interesse comum com uma organização é limitativo, na medida em que se assume que os públicos existem e têm importância somente como resposta a uma organização".
Creio que esta mensagem é um alerta para os 'comités centrais' ou 'directórios' partidários, a terem em conta no momento em que fazem as suas apostas.
É que, cada vez mais, os públicos não se limitam a reagir; eles são "comunidades interpretativas", agentes activos que desejam participar e ter opinião. E que decidem o seu próprio futuro. É que nem sempre é possível obter um processo dialógico e de compreensão sintonizada entre os desejos da organização e as expectativas dos públicos.
E, tantas vezes, já não basta um bom profissional de comunicação, ou mesmo uma equipa de profissionais de comunicação.
Já vai sendo tempo de os dirigentes partidários entenderem isto. E deixarem de pensar que as suas decisões, ainda que maioritárias, ou mesmo hegemónicas, são verdades absolutas inquestionáveis.
(Este post surge apenas por causa de 6ª feira passada!)