sexta-feira, 20 de março de 2009

#017 Uma mudança necessária

Na passada terça-feira apresentei o pedido de suspensão de mandato como vereador eleito na Câmara Municipal de Abrantes.
Optei por fazê-lo em silêncio, sem anúncios à imprensa, sem barulho, sem mediatismos.
Foi uma decisão ponderada, muito amadurecida.
Entre 1997 e 2001, não era autarca eleito mas passei muitas sessões sentado no público, a assistir, quase como se fosse vereador. Sobretudo a partir de 1998, quando liderei, pela primeira vez, o PSD de Abrantes.
Depois, fiz todo o mandato entre 2001 e 2005 e entre 2005 e o passado dia 17.
Não renunciei - suspendi. Não sei, contudo, se regresso. Estou a iniciar funções num novo desafio profissional. Passo muito tempo fora, em reuniões, em trabalho de acompanhamento e lançamento do novo modelo de reconfiguração dos cuidados de saúde primários, tenho necessidade de andar muito focalizado neste desafio, tão exigente como estimulante.
Por isso, sinto-me diminuído nas minhas capacidades de estar em contacto com a população que me elegeu, de acompanhar a actividade quotidiana, de me concentrar nos dossiers em agenda, de preparar votações e declarações de voto, de ser uma presença física e psíquica nos assuntos do Município de Abrantes.
Continuo atento e a querer o melhor para Abrantes.
Continuo atento e a preocupar-me com o futuro de Abrantes.
Continuo atento e a dar o meu contributo para que Abrantes possa ser um concelho mais próspero, mas atractivo para nele podermos viver, liderante, inclusivo, dinâmico e sustentável.
O modelo que defendi não é o modelo que impera. Continuo a acreditar nas virtualidades do modelo que defendi. Continuo a achar que é mais válido para o concelho, apesar de os eleitores terem tomado outra opção.
Continuarei a acompanhar a vida política de Abrantes.
Mas para já, impunha-se esta mudança que traduz, ainda, o regresso ao basismo militante de quem não ocupa qualquer cargo ou função na estrutura do PSD.
Se me perguntassem, apenas há 5 anos, se conseguiria viver longe do bafio das paredes das sedes partidárias, longe dos corredores de conversas paralelas e da vida singela que é a dos partidos, provavelmente, diria que não, que no meu sangue corria vontade de estar ligado à política.
Hoje, não sinto nada disso. Nem sinto vazio, nem nostalgia, nem rancor. Sinto desprendimento. Afinal, acho que a escola da JSD teve em mim um efeito positivo: explicou-me que nada é, nem pode ser, eterno. E que devemos saber aceitar o nosso destino e estar bem com a nossa consciência.
E porque nada é eterno também poderá ser verdade que a minha distância face ao mundo activo da política também seja, afinal, ela própria, efémera.
Quem sabe? Ninguém, nem eu.
Até já!