domingo, 15 de março de 2020

#076 Coronavirus

O mundo foi surpreendido em Dezembro com o novo SARS-CoV-2, o novo coronavirus cuja doença por si provocada sobre o ser humano foi designada de Covid-19.
Todos temos acompanhado e agora chegou à Europa; e chegou também a Portugal.
Estamos a aprender ainda a lidar com tudo isto, a estabelecer rotinas novas, a assimilar comportamentos novos, a adquirir novas competências.
Ainda tudo parece pouco real, como um conto de ficção científica que me poderia ter sido contado na infância ao género de "A Guerra dos Mundos", de Orson Welles.
No meio de tudo isto, se eu disser que não estou bem parece mal. Não me sinto, para já, doente ou impactado pela situação pandémica. Sigo online, como quase todos.
Dizer que podia estar melhor e que estou assustado por causa dos meus e também de mim, que estou sensível e dou por mim a chorar mais vezes que o costume, então estou a ser eu e também é verdade.
Estou moderadamente otimista. Estou também realisticamente apreensivo. Nestas alturas tudo parece tão relativo.



Sentimos que não temos tudo aquilo que desejamos, que achamos que merecemos e com que sonhamos, na maioria das vezes. Andamos freneticamente em busca do que não sabemos definir corretamente e das frivolidade dos bens materiais e dos afetos que se compram e vendem, das posições sociais que nos conferem atributos distintivos. E, nesse turbilhão, não paramos e não damos valor às coisas mais simples e frugais, apesar de importantes e fundacionais.
Agora, confrontados com esta ameaça à humanidade, todos esses comportamentos e crenças são arrasados e passam lá para trás na escala de prioridades. Maslow já o definia e com mais ou menos atualização a base permanece uma teoria intacta.
Quero a normalidade da vida de volta. Quero abraçar a minha mãe, que não vejo há semanas e que não sei ainda quando irei rever, quero estar com ambos os meus filhos e poder exultar de alegria e dar beijos e abraços a todas as pessoas que são importantes na minha vida.
E agora não posso.
E quando tudo isto passar e voltarmos ao novo normal - haverá um novo normal em breve - quero lembrar-me disto e desta reflexão e evitar voltar ao "anterior normal"; quero poder abraçar e beijar todos os que são importantes na minha vida.
Espero que o facto de todos vestirmos uma roupagem social e de atirarmos para o fundo das ações quotidianas os aspetos mais emocionais e emocionantes, sensitivos e sensacionais possa ser finalmente invertido, numa manifestação consciente e determinada para que fiquemos todos mais “despidos de alma”, mais focados na importância da relação humana de proximidade, na necessidade de sermos simples e fraternos, corteses e delicados, atenciosos e preocupados, humildes e íntegros; e que, todos, possamos amar mais e amar com imensa vontade e determinação, com foco e ação.
Entretanto, resta agradecer aos profissionais de saúde (e aos dos supermercados, forças de segurança, e tantos outros a quem não é possível estar em auto-isolamento) todo o seu esforço nesta luta sem tréguas.
É isto.

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