terça-feira, 27 de outubro de 2009

#035 Tranquilidade

Escrevo hoje sem nexo de causalidade. Escrevo apenas palavras soltas ao vento, que traduzem um estado de alma quase anestésico, embriagado que estou com a chegada de rompante deste Outono quente.

Em breve – dentro de dias – cumprirei mais um aniversário, que agora celebro com a serenidade que a “ternura dos 40” já me permite compreender. Como estou diferente!

A forma de olhar o Mundo, a Vida, a Natureza, as Pessoas, os Factos, os Problemas, as Encruzilhadas, os Dramas, as Causas, são hoje encaradas com mais objectividade e frontalidade. Continuo a tomar decisões, a assumir proposições verdadeiras e falsas, a intuir o terreno que piso. Mas, ao mesmo tempo, penso que aprendi a conhecer-me melhor, a ser mais autêntico, mais frontal, mais humano, mais tolerante e fraterno.

O milagre da transmutação deu-se e sinto não cometer grandes maldades. Não sou crente em nenhum Deus nem em nenhum dogma mas valorizo as coisas simples, como os bichos, as flores, as crianças, os amores, as paixões, os pingos da chuva, os raios de luz da madrugada, os olhares cúmplices de crianças e inocentes, um jogo simples de futebol.

Recordo a entrevista de António Lobo Antunes a Judite de Sousa e a forma poética como em prosa ele se exprimiu. Por exemplo, o milagre do homem alentejano que, com fato velho e sem gravata, se apresentava no IPO para tratamento e, aos olhos do escritor, vestia a mais bela gravata que um homem poderia usar. Aprendi a ver o invisível e recordo frases da minha mocidade como aquela que dizia que “o essencial é invisível aos olhos e só se vê com o coração”.

Para testemunhar este estado de alma, tranquilo, apesar da turbulência do mundo em que vivemos, aqui fica uma música do Youtube que recomendo a quem procura paz e serenidade.



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